O que a Educação pode aprender com o Rei Leão?

Paulo Henrique de Souza

– Tudo o que vês existe num delicado equilíbrio. Como rei, precisas de compreender esse equilíbrio e respeitar todas as criaturas, desde a formiga rastejante ao antílope que salta.
– Mas pai, não comemos os antílopes?
– Sim, Simba, mas deixa-me explicar. Quando morremos, os nossos corpos tornam-se em relva e os antílopes comem a relva. E assim estamos todos ligados no Grande Círculo da Vida.

O Rei Leão

O filme Rei Leão em sua segunda versão de animação pode dar muitas lições a todos nós, principalmente para os gestores educacionais, no que tange ao clima organizacional das escolas no segundo semestre. Logicamente que ao nos referir ao clima escolar, estamos pensando que as escolas, como andam dizendo nos congressos e seminários por aí, são ecossistemas de relacionamentos e negócios, independentemente de serem públicas ou privadas.

Os líderes podem aprender com Mufasa a não ter um olhar somente para seus interesses privados, mas voltar sua atenção para a cadeia de rede que envolve: educadores de apoio da limpeza (zeladoria) até a diretoria. Trata-se do Grande Círculo da Vida organizacional, onde todos são importantes e contribuem para a harmonia da escola enquanto espaço de aprendizagens colaborativas e significativas.

Sempre que assisto ao filme, penso que a lição que pode dar para gestores educacionais e para cada pessoa é a importância de ter e respeitar limites, sabendo lidar com as diferenças. Reconhecer e valorizar as diferenças, sem permitir que os sujeitos sociais ultrapassem as regras e combinados.

Sabemos que onde convivem humanos surgem ruídos, invejas e quebra de acordos, realizados por gente como o Tio Scar, que em paráfrase com Nicolau Maquiavel defende que “os fins justificam os meios” e se junta com hienas que devoram os microclimas e a energia do ambiente, fazendo florestas se transformarem em desertos em pouco tempo.

Os ruídos e fofocas nas escolas atrapalham a convivência, fragmentam, interditam e silenciam a muitos. Tais fenômenos fomentam entraves para o trabalho de inteligência coletiva, indispensável para o sucesso dos educadores na árdua tarefa de dar subsídios para a formação de seres humanos melhores que respeitem as regras, os processos, os projetos e a hierarquia, em vez de perder o encanto frente a conflitos intermináveis que podem ser solucionados com diálogo assertivo.

Muitos funcionários antigos e de carreira não suportam assistir a promoção de jovens ou novos funcionários que fazem a diferença pela sua formação e informação, como o caso de Simba, um jovem leão cujo destino é se tornar o rei da selva. Armadilhas são montadas para que o poder não chegue ao seu verdadeiro dono (Simba) se a morte (falência) da instituição (Gestão Mufasa) se der. Existem muitos Tios Scars e poucos Mufasas, por isso a Educação Brasileira se encontra em crise.

Toda vez que conflitos se multiplicam em uma escola, todos perdem, fazendo ou não parte dela. Escola é lugar de aprendizagens. Escola é lugar de aprender a gentileza como Timão e Pumba, que estão simplesmente interessados em ter prazer, amizade e felicidade, sem culpas  e foco em crenças limitantes.

É necessário que “novos” paradigmas como respeito, amizade e tolerância mudem os microclimas organizacionais. Cabe aos gestores educacionais fomentarem a ética do cuidado e competências socioemocionais com treinamento, capacitação e formação continuada. Afinal, quem cuida de quem cuida e educa crianças e adolescentes?

Toda a escola (floresta) deve aprender a colocar em prática as melhores práticas,  atitudes e habilidades. Assim, conseguem gerenciar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas, tomar decisões de maneira responsável e dar perenidade ao ecossistema num jogo animado onde todos ganham e aprendem a disseminar a crença na abundância e não na escassez.

O filme Rei Leão ensina muito, pois nos convida a pensar (metacognição) que os problemas não devem ser esquecidos, mas solucionados com atitudes assertivas, pontuais e eficazes. A obra cinematográfica nos convida a voltarmos para a floresta devastada para reflorestar, ressignificar e reinventar. O filme passou do desenho à animação. As escolas devem ser guiadas por gestores preparados pela dor e amor a passar do desenho (planejamento) a animação (realidade).

O filme Rei Leão ensina a enfrentar o passado e mudar o presente com liderança. Os gestores educacionais têm esse papel estratégico, pois mediam e articulam com comunidades educativas complexas, compostas por professores, alunos, funcionários e a comunidade. Diante de tudo isso, sua postura e comunicação necessitam  disseminar  os princípios e valores das instituições, transformando a atmosfera, o clima e o ecossistema da escola.

Assistir no início do recesso (merecido) o filme Rei Leão me levou a inferir e a produzir esse  texto, afinal, o clima escolar é  o grande indicador da cultura reinante em uma instituição (floresta). Todos devem buscar fomentar estratégias e ações para a harmonia, sobretudo as  lideranças para uma prática educativa sustentável.

Vamos combater as hienas?

Aí sim, podemos dizer: Hakuna Matata – sem muitos problemas!

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