O professor: existe e resiste

Lílian Ramires Costa

Ele é essencial nas jornadas do conhecimento, da alfabetização ao pós-doutoramento, pois traz consigo o que o discípulo almeja, e quando desempenha seu papel com paixão, deixa marca indelével na alma aprendiz.

Se tentarem divulgar sua imagem elas serão diversificadas, tanto quanto variadas são suas formas de atuação: exemplifica, constrói saber, compartilha vitórias, lamenta equívocos, assinala caminhos.  Seus locais de trabalho são, muitas vezes, desiguais: a terra árida em povoados distantes, em meio à floresta junto aos nativos, ladeando passos infantis, partilhando experiências longevas, em ambientes modernos ou simples, com recursos multimídia ou artefatos manuais.

Em tempos idos, na preceptoria, ou nos atuais, como mentoring, sua atuação é o diferencial na trajetória segura e eficaz de seu aluno. Sua influência na vida do discente é perceptível, e autores literários e produtores cinematográficos perpetuam histórias e exemplos em suas obras, em uma demonstração de reconhecimento da importância da atividade que exerce.

No clássico filme Ao mestre com carinho, divulgado em 1967; nas histórias reais divulgadas nos filmes Madadayo (1993), Uma mente brilhante (2001), Maria Montessori – uma vida dedicada às crianças (2007), Escritores da liberdade (2007); no documentário francês Ser e Ter (Etre et Avoir) em (2002), e o brasileiro Pro dia nascer feliz (2006) e muitas dentre outras produções, trazem a público atuações profissionais docentes que mereceram ser destacadas.

Na literatura, o mesmo movimento de relevância, como nas obras Entre os muros da escola, de autoria de François Bégaudeau, publicado em 2008; Matilda, escrito por Roald Dahl e publicado a primeira vez em 1988 e o brasileiro Uma professora muito maluquinha, de Ziraldo, publicado em 1995, evidenciam a importância do professor na vida de seu aluno. O professor apaixonado, entusiasmado com seu ofício, dedicado ao seu fazer, que sempre atualiza seus conhecimentos, que busca meios didáticos possibilitando a construção de saberes com seu aluno, mesmo diante de tantas adversidades que encontra em seu trajeto, ainda existe.

Sua paixão, quando genuína, faz com que releve avaliações impróprias e, muitas vezes injustas, por parte de pais; desconsidere o desleixo de superiores, supere a frustração da má administração do poder público, a ingratidão de alunos, o esquecimento de muitos. Sua paixão, acima de tudo, move seu querer, impulsiona sua criatividade, alavanca sua educação continuada, inspira sua atuação cotidiana. Não que o docente esteja alheio às agruras causadas pelas adversidades, mas porque é resiliente, se recupera após o revés e supera crises, porque sabe – não precisa que outros o digam –, o valor que possui e o quanto um povo e um país precisam dele.

Assim, que este manifesto leve à reflexão do que deve ser feito por parte de pais, educandários, governos, firmas, instituições diversas, para que o fazer docente seja reconhecido – não só para embasar filmes e livros, mas para nortear o caminho dos cidadãos e auxiliá-los na mudança necessária que o país precisa e requer. Que sejam feitas leituras e pesquisas sobre os investimentos realizados na educação, para que se divulgue e operacionalize os inúmeros projetos que os educadores brasileiros desenvolvem, no afã de suprimir lacunas criadas por um investimento disperso, evitando, assim, que os alunos sofram as sequelas deste equívoco (será mesmo um equívoco?); para que compreendam que tudo o que fundamenta ações éticas, progressistas, transformadoras e humanizadoras tem seu início no fazer docente e na atuação do professor.

Que essa conscientização seja mais rápida, para que não venha a vida, como vimos recentemente no período pandêmico, atuar de forma didática, imparcial e com severidade, na mudança de comportamentos e paradigmas.


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