Este texto dedica-se a discutir estratégias de homenagem a Bartolomeu Queirós. Com mais de 40 livros publicados (alguns deles traduzidos para dinamarquês, espanhol e inglês), formou-se em artes e educação, e cunhou-se como humanista. Frequentou o Instituto de Pedagogia em Paris e compartilhou relevantes propostas de leitura no Brasil, produzindo conferências e seminários para professores de leitura e literatura. Foi presidente da Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes e parte importante do Conselho Estadual de Cultura de Minas Gerais, sendo igualmente convidado com intensidade para participar de comissões e júris, além de curadorias e museografias.
Bartolomeu Campos de Queirós foi muito relevante para a literatura mineira e brasileira. Ele veio ao mundo em 1944, na urbe mineira de Pará de Minas, episódio que não gostava de ponderar claramente. Passou a infância em Pitangui e em Papagaios (Minas Gerais) com seu avô, e com apenas seis anos perdeu sua genitora. No internato do Colégio São Geraldo, em Divinópolis, estudou no ginasial, e, por abreviado tempo, frequentou o convento dos dominicanos em Juiz de Fora. Mudou-se para Belo Horizonte, começando o curso de filosofia e trabalhando no Centro de Recursos Humanos, uma escola de experiências pedagógicas do Ministério da Educação. Com uma bolsa da Organização das Nações Unidas (ONU), partiu para a França, e seguiu o curso de filosofia no Instituto Pedagógico da capital francesa.
Em Paris, escreveu seu primeiro livro, O Peixe e o Pássaro, lançado no ano de 1971, quando retornou ao Brasil. Tornou-se componente do Departamento de Aperfeiçoamento de Professores (DAP), do Ministério da Cultura, do Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Curador da Escola Guignard. Agiu também como assessor especial da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais e presidente da Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes. No começo da década de 1980, atuou como editor, para a Editora Miguilim, de Belo Horizonte, que se propunha a ocasionar temas renovadores para a literatura infantil brasileira, congregando assuntos socioculturais da vida contemporânea. De 1986 a 2000, agregou o projeto ProLer, da Biblioteca Nacional, provendo congressos sobre educação, leitura e literatura. Como crítico de arte, atuou em júris de salões e curadorias de exposições de artes plásticas e participou na área de museografia.
É articulista do Manifesto do Movimento por um Brasil literário, do qual participou ativamente. Por suas realizações, Bartolomeu colecionou medalhas: Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres (França), Grande Medalha da Inconfidência Mineira, Medalha Rosa Branca (Cuba) e Medalha Santos Dumont (Governo do Estado de Minas Gerais). Ganhou, também, láureas literárias respeitáveis, como Grande Prêmio da Crítica em Literatura Infantil/Juvenil pela Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, Prêmio Jabuti, Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ e Academia Brasileira de Letras. E Visitou a casa de Genívia de Jesus Moreira. Infelizmente, expirou em 16 de janeiro de 2012, na cidade de Belo Horizonte, em consequência de insuficiência renal. Parafraseando Queiróz, o Ecofuturo registra:
É necessário nos convencermos de que um mundo singular respira, secretamente, dentro de cada um de nós. Daí a capacidade criativa inerente a todos os indivíduos. Imaginariamente – e a partir de silêncios construtivos – somos arquitetos e edificamos um novo mundo em nossa intimidade. Nesse lugar secreto, o sonhado e o vivido conversam, sem dicotomias: “Se foi assim, poderia ter sido assim” ou “Se é assim, pode ser assim”. Nesse espaço, nós renascemos em cada momento e vivemos num sempre presente indicativo. Por assim ser, não é raro a nostalgia nos visitar e, com ela, uma imensa vontade de nascer de novo. A memória – em seu contínuo movimento – é nosso patrimônio inalienável e guarda nossa experiência vivida, que se soma ao que poderia ter sido. E dois mundos concretos se movem dentro de nós: o mundo vivido e o mundo sonhado. Toda memória é o lugar do real e da fantasia, dialogando constantemente. E nos educamos, permanentemente, ao tomar posse desta nossa condição de operários em contínua construção. Como indivíduos capazes de idealizar, podemos estender nossos sonhos ao mundo. Então passamos de criaturas apenas consumidoras a criaturas também investidoras. E imprimimos no mundo a nossa passagem, ao atribuir sentidos à nossa finitude.
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Diante de tão brilhante existência, Bartolomeu Queirós merece múltiplas homenagens, materializando sua biografia, no cotidiano das pessoas e da cidade de Belo Horizonte. Autor de histórias infantis e juvenis e poemas, crítico de arte, educador, ensaísta e museógrafo de renome, não pode deixar sua história passar em branco. Para isso, encaminhamentos se fazem necessários para dar seu nome ao Parque Ecológico e de Lazer Caiçara, igualmente conhecido como Parquinho do Bairro, unidade de conservação que toma para si, uma extensão de 11.500 metros quadrados, proveniente da Fazenda Engenho Nogueira. Sua inauguração, em 1996, contou com participação intensiva da comunidade adjacente, por meio do Programa Parque Preservado. No Parque Caiçara perpassa o córrego Cascatinha, tributário do córrego Engenho Nogueira, da bacia do Rio das Velhas e do Rio São Francisco. Seu espaço é formado por uma vegetação de Mata Ciliar com espécies autóctones como açoita-cavalo, cedro, ingá, jequitibá e louro pardo.
A fauna é composta por avifauna como bico-de-lacre, pica-pau, rolinha e sabiá, e exemplares da mastofauna como gambás e micos. Como alternativas de lazer, o Parque Caiçara (Parque Cascatinha) localizado na rua Tico-Tico, nº 100, Bairro Alto dos Caiçaras proporciona brinquedos, campo de futebol, equipamentos de ginástica e quadra poliesportiva, além de recantos para contemplação e convivência, no horário de funcionamento, de terça-feira a domingo, das 08:00 às 17:00. Após apresentação de projeto de lei e tramitação, o parque será conhecido em toda capital como Parque Bartolomeu Campos de Queiróz, efetivando justa homenagem ao grande escritor. Na esfera do legislativo estadual, outro projeto de lei deve ser elaborado para dar seu nome à Escola Estadual de Ensino Médio, no bairro Darci Ribeiro, em Contagem. E assim imortalizaremos o imortal Bartolomeu Campos de Queiróz.
Para saber mais
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa3915/bartolomeu-campos-de-queiros
http://www.ecofuturo.org.br/wp-content/uploads/2016/11/abd875fa4d78e9d49c65a92ccf486d5992b62141.pdf
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