Diversidade não é verbo, mas deveria ser

Henrique Caixeta Moreira

A diversidade nas escolas é um tema cada vez mais relevante e discutido em nossa sociedade contemporânea. Vivemos em um mundo caracterizado pela pluralidade cultural, étnica, religiosa, de gênero e de orientações sexuais. Promover e valorizar essa diversidade no ambiente escolar não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia essencial para a formação de cidadãos mais conscientes, empáticos e preparados para viver em um mundo globalizado. Contudo, muitas vezes debatemos a diversidade a partir de dicotomias, pensando sua existência ou inexistência, mas a diversidade não surge do vácuo. Ela se constrói, no agir.

É através de políticas afirmativas, de acolhimento e de liberdade que promovemos a verdadeira diversidade, estando atentos, acima de tudo, ao que nos trazem os mais novos. Entendemos que uma das principais razões para promover a diversidade na escola é a formação de cidadãos globais. Em um mundo cada vez mais interconectado, é fundamental que os alunos aprendam a conviver com pessoas de diferentes origens e culturas. Isso não só amplia seu entendimento sobre o mundo, mas também os prepara para trabalhar em ambientes diversos e multiculturais no futuro. Nessa reflexão, muitas vezes deixamos de pensar também que os jovens são plurais e muitas vezes, são eles que trazem a diversidade. Estando atentos a isso propomos um espaço não apenas para conviver com o diferente, mas também para conviver consigo mesmo, se desenvolver e se entender no mundo. A escola, sendo um microcosmo da sociedade, oferece o ambiente ideal para que as crianças e jovens desenvolvam essas habilidades desde cedo. 

A diversidade na escola desempenha um papel crucial no desenvolvimento de empatia e respeito entre os alunos. Quando as crianças são expostas a diferentes culturas, histórias de vida e perspectivas, elas aprendem a se reconhecer e se valorizar e a reconhecer e valorizar o outro. Esse aprendizado é fundamental para a construção de um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor, onde todos se sintam respeitados e valorizados. A empatia, aqui, é palavra chave desse desenvolvimento. Enquanto competência socio-emocional a empatia tem um papel fundamental não só no desenvolvimento da criança e do adolescente mas também na vida em sociedade. Me pergunto, nós professores temos empatia pelos nossos alunos, pelos seus pais, pelos gestores escolares? Como podemos ajudar os mais novos a desenvolver uma competência sem colocá-la em prática. A resposta é uma só: Não podemos.

Para alunos que pertencem a grupos minoritários, a presença de diversidade na escola é extremamente importante. Ver suas próprias culturas e histórias representadas no currículo e no ambiente escolar fortalece sua identidade e autoestima. Isso contribui para um senso de pertencimento e validação, essencial para o bem-estar emocional e o sucesso acadêmico. A inclusão e valorização da diversidade ajudam a combater a marginalização e a exclusão, promovendo uma educação verdadeiramente inclusiva. Neste lugar, cabe a nós, educadores, olhar para a diversidade com o melhor dos olhos, não como um desafio a ser superado em sala de aula, mas como potência do desenvolvimento coletivo da turma.

Promover a diversidade na escola é uma forma eficaz de combater preconceitos e estereótipos. Quando os alunos têm a oportunidade de conviver e interagir começam a questionar e desconstruir preconceitos e tabus. A educação desempenha um papel crucial na formação de mentes abertas e críticas, capazes de reconhecer e desafiar injustiças. Assim, a escola se torna um espaço de transformação social, preparando indivíduos para construir uma sociedade mais justa e igualitária. A diversidade enriquece o processo de aprendizado ao trazer uma variedade de experiências e perspectivas para a sala de aula. Alunos de diferentes origens contribuem com suas próprias histórias, conhecimentos e modos de pensar, tornando as discussões mais ricas e dinâmicas. Nós professores podemos utilizar essa diversidade como recurso pedagógico, promovendo atividades que incentivem a troca de experiências e a colaboração entre os alunos. Essa abordagem não só torna o aprendizado mais interessante, mas também mais profundo e significativo.

Ao meu ver o maior desafio para o FAZER da diversidade na escola não está nas leis, nos PPPs e muito menos nos alunos. Está em nós, nos educadores. A diversidade já existe, já é realidade, seja ela de renda, de cor, etnia, gênero, sexualidade, religião, o que for. Não precisamos buscar nos nossos alunos a diversidade que vemos nos discursos da televisão, precisamos trabalhar com eles a diversidade que eles apresentam, para que a cada dia nos tornemos um pouquinho mais diversos.

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