Bullying Religioso: promovemos esses diálogos na escola?

“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (Caetano Veloso)

Paulo Henrique de Souza

Em uma sociedade cada vez mais diversificada, onde o multiculturalismo e o pluralismo religioso são realidades presentes, é essencial que aprendamos a conviver com as diferentes crenças e visões de mundo. Infelizmente, muitas vezes nos deparamos com situações de intolerância e polarização, especialmente nas escolas, onde o bullying religioso se manifesta.

O bullying religioso, assim como outras formas de bullying, envolve a repetição de comportamentos prejudiciais, como ironias, intimidações e exclusão, baseados na religião ou na ausência dela. É inaceitável que o sagrado escolhido por cada indivíduo não seja respeitado, assim como suas opções de não seguir uma religião.

É fundamental que as escolas abordem esse tema de maneira sensível e inclusiva, promovendo o diálogo inter-religioso, a tolerância religiosa e a cultura da paz. Devemos aprender a conviver respeitando as diferenças de crença e não-crença, e isso começa com a educação.

A UNESCO, em seus princípios para a educação no século XXI, destaca a importância de aprender a conviver, ao lado de aprender a aprender, fazer e ser. Nas salas de aula e em todos os espaços escolares, é essencial que os estudantes sintam-se seguros para expressar suas crenças e opiniões, sem medo de serem intimidados ou criticados.

Como pesquisador na área da educação e tecnologia para a diversidade, tenho me debruçado sobre o tema do bullying religioso, buscando promover o diálogo e a tolerância por meio do entendimento mútuo e da solidariedade.

O avanço tecnológico não deve ser usado como ferramenta para disseminar o ódio ou desqualificar as crenças alheias, como acontece no ciberbullying religioso nas redes sociais. É preciso humanizar a tecnologia, como nos lembra Rubens Alves.

Cabe aos gestores escolares abrir espaço para o debate e o diálogo inter-religioso, promovendo uma cultura de respeito e entendimento mútuo. Nenhum mito ou ritual deve ser colocado acima da liberdade e da paz. Precisamos aprender e ensinar que é sagrado respeitar o sagrado do outro, pois somente assim construiremos uma sociedade verdadeiramente inclusiva e harmoniosa

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