Irlen Gonçalves
Em toda minha existência, no que vi e vivi, a proclamada democracia, na qual o povo exerce a soberania, foi uma busca constante, incessante concentração de esforços de grupos, organizados ou não, no ensejo de poder, sobretudo no exercício do ato de votar e ser votado, produzir uma sociedade, onde a igualdade, o respeito as diferenças, a melhor distribuição da riqueza e a efetiva liberdade façam parte integrante da cidadania desejada e aspirada. Enfim, uma sociedade preocupada com a aproximação das distâncias, social e econômica, com oportunidades iguais para todos e todas, sem perder as devidas diferenças. Um sonho e uma conquista, recheados de lutas, esforços e comprometimentos das próprias vidas daqueles que se puseram a sua construção, com marcas profundas de historicidade!
A democracia que vimos produzindo e experienciando tem sofrido, historicamente, agruras constantes, motivadas por aqueles que defendem a concentração do poder e das riquezas. Mais uma vez o momento atual repete o que já vem sendo requerido pelo bloco mais conservador descompromissado com a maioria da população brasileira. A busca jurídico-política, expressa no cenário atual, não pode ser somente entendida a partir dos interesses midiáticos oportunistas, mas sim da leitura histórica da constante busca por uma sociedade democrática, com tudo o que ela implica. Por isso, vale a consideração de que a busca por ela não tem a cor partidária, embora tenha a participação efetiva de partidos políticos comprometidos, o nome de um ídolo ou de um mito, mesmo considerando que homens e mulheres se doaram a favor de sua efetivação.
A democracia é uma conquista do povo! Ninguém, nenhum grupo, pode desordenar ou destituir tal conquista. Todo esforço deve ser a favor de sua manutenção, de sua melhoria, ampliação e, especialmente, de seu fortalecimento.
Esse conclamar a favor da democracia é que deve ser a pauta do momento, não a sua ruptura. Não está em jogo os nomes de pessoas graças, como os de Lula e Dilma, mas sim o que foi conquistado com a bandeira democrática. Tal bandeira sangrada pelas vidas daqueles que se ofereceram a favor de um Brasil melhor, justo, igual e livre. Condenar antecipadamente, precipitadamente, pela via do espetáculo, pessoas que se doaram na defesa desse país é, no mínimo leviano, pois as nossas leis, a nossa constituição, garantem o direito de defesa, o princípio do contraditório.
Que os erros sejam corrigidos e os culpados, todos, tenham a sentença merecedora. Mas, que a democracia prevaleça!