Um filme com duas atuações supremas. Essa é minha leitura do filme Voz suprema do Blues (Netflix, 2020). Se você procura um filme que se sustenta graças ao talento dos protagonistas, esse é o filme.
Enquanto a sempre impecável Viola Davis dá vida à intensa e densa Gertrude Rainey, conhecida como Ma Rainey ou simplesmente, “a mãe do Blues”, Chadwick Boseman dá a alma na interpretação do músico Levee Green. Essa foi a melhor atuação da breve vida de Chadwick, que lutava contra um câncer enquanto vivia este personagem.
O drama aborda os impactos do racismo e da violência na subjetividade de pessoas negras. Para sobreviver numa indústria musical racista, misógina e que gera os maiores lucros para as pessoas brancas, Gertrude se torna também, amarga, dura e agressiva, reproduzindo muitas das opressões que ela sofreu por toda uma vida.
Levee, tendo visto a mãe ser vítima de um estupro coletivo quando ele era uma criança, carrega por toda a vida os traumas sofridos na infância. O desfecho para ele é trágico e triste.
Assim como é triste o final do filme, que mostra como se dá a apropriação da música negra pela indústria cultural. Esse é mais um dos muitos golpes baixos de uma sociedade erguida nos pilares do racismo. O filme não é uma história de água com açúcar afinal.
Imagem de destaque: Netflix / Divulgação