Um campo em disputa: praticas educativas e diversidade sexual e de gênero

Marco Aurélio Máximo Prado

A relação entre práticas educativas, políticas de educação, escolas, sistemas educacionais e escolares, currículos, formações continuadas e aprendizagens com o campo de estudos de gênero e sexualidades tem sido histórica e marcada por várias alianças e conflitos. Bastaria reler alguns clássicos estudos nesses campos híbridos de preocupação que encontraremos uma enorme trajetória de pertencimentos e desentendimentos entre educação, gênero e sexualidades. Importante reconhecer que esse complexo vínculo nem sempre foi pacífico e equilibrado mas mais se constituiu como um campo de disputas através do qual tem se dado uma relação de articulações amplas, heterogêneas e diversas que em alguns períodos históricos parece ter o consenso e o consentimento como dinâmica e em outros o desentendimento e o conflito como constituinte do próprio campo.

Esse espaço híbrido de relacionar gênero, sexualidade e educação embora configurado na história das sociedades como um certo analisador dos tempos é, na contemporaneidade, um dos centros do debate transnacional e nacional. Entre ofensivas anti-gênero que tentam silenciar, domesticar e intimidar as práticas sociais pedagógicas e políticas no campo da educação e a expansão do direito a existir em diversidade, equidade e reconhecimento, a relação entre educação e diversidade sexual/gênero ocupa hoje o centro do debate político institucional, do autoritarismo da governança atual e das vertentes democráticas que ainda resistem nas práticas escolares, na formação de professores e na democratização da educação pública e cidadã.

A partir de hoje inauguramos esta coluna como um espaço de reflexão, incitação, deflagração e convocação deste campo híbrido em disputa. A partir de uma rede de pesquisadores, pesquisadoras, professores e professoras, bem como estudantes de pós-graduação, ocuparemos semanalmente esse espaço para construir e dar visibilidade a um campo argumentativo da diversidade possível e infinita entre educação, gênero e sexualidades. Esse campo em disputa, esse híbrido que se apresenta na contemporaneidade como uma das mais densas disputas políticas por formas de governar a vida individual e grupal por governos, grupos políticos, organizações não-governamentais, movimentos sociais e agentes oriundos do próprio campo: professores e professoras, alunos e alunas, famílias, comunidades LGBT+ e etc.

Somos uma rede de pesquisadores/ras, professores/ras e estudantes de diversas regiões do Brasil que tem como centralidade de seu fazer profissional e acadêmico as preocupações do campo de estudos em gênero e sexualidades, estudos queer, diversidade de gênero e sexual nas práticas educativas, sociais, políticas e intersubjetivas seja nos âmbitos individuais , institucionais e coletivos.

A ocupação construída desta coluna se dará no ensejo de tematizar uma enormidade de questões e elementos que são parte da disputa política e social das temáticas e expressões da diversidade de gênero e sexualidade no campo educacional. Desse modo, a coluna que hoje inaugura seu espaço neste Jornal objetiva a construção desse campo argumentativo para problematizar não só o contemporâneo, mas também a historicidade da própria relação entre educação, gênero e sexualidade.

Temáticas como o direito à educação em disputa no Supremo Tribunal Federal, o debate sobre consentimento e sexualidade nas escolas, o fantasma do “kit gay” e sua instrumentalidade política, intersexualidades e educação, políticas afirmativas para população LGBTQI+ nas universidades, infâncias trans e processos educativos e muitas outras estarão presentes nesta coluna a partir da próxima semana buscando evidenciar a complexidade do campo, as interseccionalidades das experiências e a conflituosidade do direito à educação para a diversidade nas sociedades atuais.

Convidamos leitores e leitoras a dialogar conosco, propor temas e problemas, comentar, debater e fomentar os expostos aqui. Esse diálogo nos parece fundamental como um processo de articulação em rede de espaços democratizantes mais necessários do que nunca. Nossa proposta é dialógica portanto pressupõe leitores e leitoras participativas, atuantes e dispostas a uma construção argumentativa em rede de forma a fortalecer a democratização da escola, a implementação de políticas educacionais e a articulação da diversidade como ferramenta de combata à desigualdade.


Imagem de destaque: Sharon McCutcheon / Unsplash

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