Produção acadêmica na extensão pra que? 300 ediçoes do jornal Pensar Educação em Pauta

Monica Abranches

A Extensão Universitária não é só a realização de projetos socioculturais executados pela universidade junto à grupos da sociedade e nem é substituição de ações das políticas públicas nas áreas da saúde, educação, assistência social e meio ambiente. As ações de extensão nas universidades servem a dois fins: a formação acadêmica dos estudantes, em articulação com o ensino e à pesquisa e o exercício da função social da universidade que tem a responsabilidade de pensar sobre o desenvolvimento, os desafios da sociedade e contribuir com o futuro das comunidades no seu entorno.

Nesse sentido, uma das contribuições importantes da extensão nas universidades são as produções acadêmicas resultantes de suas inúmeras ações, produções estas que contribuem para a disseminação de diversos conhecimentos produzidos pela comunidade acadêmica.

As Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira (resolução 17/2018), do Ministério da Educação, determina que a extensão universitária deve ser realizada nas instituições através de: Programas, Projetos, Cursos e Oficinas, Eventos, Produção Acadêmica e Prestação de Serviços. São modalidades de ações que inserem as comunidades externas nas atividades das instituições de ensino superior, sejam elas grupos sociais de jovens, idosos, mulheres, crianças, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, entre outros, representantes de movimentos sociais, sindicatos, coletivos políticos e de cooperativas de trabalho ou grupos relacionados à gestão e execução de políticas públicas nas cidades (gestores e servidores).

Nesse artigo, destaco a modalidade da Produção Acadêmica que servem a dois propósitos: registro e avaliação das atividades, dos resultados e dos impactos da extensão universitária realizados pelas instituições de ensino superior; e elaboração e divulgação de conhecimentos produzidos pela academia através de peças escritas e audiovisuais.

Para o registro e avaliação das ações de extensão nas universidades temos a elaboração de relatórios de atividades, relatórios de avaliação e de registro de metodologias, anuários estatísticos, boletins informativos e produtos audiovisuais das ações realizadas (gravações, transcrições, documentários, etc). Esses produtos servem a divulgação mais restrita e administrativa do que é realizado nas instituições de ensino superior em termos de extensão universitária. Para divulgação do conhecimento científico produzido na universidade e que servem a educação e informação da sociedade temos as produções de livros, artigos, cartilhas, filmes, jornais, revistas, jogos educativos, peças de teatro e musicais, exposições artísticas, criação de aplicativos, programas de TV e de rádio. A intenção aqui é produzir conteúdos que possam ser apropriados por vários grupos sociais e instituições externas às universidades com objetivo de disseminar conhecimentos e apresentar à sociedade os produtos da ciência.

Tomamos como exemplo a experiência do Programa de Extensão Pensar a Educação Pensar o Brasil 1822/2022 (PEPB), da Faculdade de Educação da UFMG, que há 13 anos atua com o objetivo principal de “contribuir para elevação da qualidade da educação pública” (SIEX, UFMG). Entre os 12 projetos desenvolvidos pelo Programa estão o Jornal Pensar a Educação em Pauta e o Programa de Rádio Pensar a Educação, ativos desde o ano de 2007, a Educação em Revista, desde 2015, e a Revista Brasileira de Educação Básica criada em 2016.

O Jornal Pensar a Educação em Pauta, em 13 de novembro de 2020, chega as comemorações de sua edição de número 300 com 9.000 assinantes e grande repercussão com o público interno e externo à UFMG, observados através da grande interação dos leitores com os espaços de comentários das diversas seções do Jornal: Editorial, Debate, Bicentenário em Foco, Educação e Literatura, Convite à Leitura, Saúde e Sociedade, Direitos Humanos, Gênero e Sexualidades, EJA em Pauta,  Livre Expressão,  Entrememórias, Pesquisa, Educação pelo Brasil, C&T e América Latina. O jornal é publicado no formato online, através da colaboração mais de 40 articulistas e com periodicidade semanal.

Os conteúdos das Revistas, do Rádio e do Jornal possuem grande abrangência entre professores, estudantes e pessoas interessadas na política de educação que acompanham as publicações semanais e semestrais desses veículos de comunicação (que podem ser acessados no site pensaraeducacao.com.br).

Essas produções do PEPB, além de divulgarem para a sociedade conteúdos relevantes às discussões da Educação no passado, no presente e perspectivas de futuro ainda servem ao aprendizado de alunos, professores e técnicos que participam da formatação e avaliação dos artigos dos jornais e da revista e da produção dos programas de rádio, além do contato com experts da área da educação através das entrevistas e da relação com os articulistas.

Produções como essas também atendem às diretrizes pactuadas pela Política de Extensão Universitária (2012), a saber: Interação Dialógica entre a universidade e a sociedade, pois marcam um diálogo e uma troca de saberes através dos artigos de jornais e revistas e das entrevistas e sessões especiais do rádio; Interdisciplinariedade e interprofissionalidade, já que propiciam a interação de várias áreas de conhecimento e de profissões na formatação dos conteúdos do jornal, da revista e na produção do programa de rádio; Indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão, pois agrega o conhecimento dos alunos recebidos em sala de aula com ações de pesquisa para o planejamento das ações desses projetos de extensão; Impacto na Formação do Estudante, como já explicado e, finalmente, Impacto e Transformação Social considerando que os conteúdos divulgados atingem gestores e agentes da educação pública e que podem contribuir com suas práticas e planejamentos cotidianos, além de embasar as discussões sobre a política de educação.

Experiências como essa nos mostram a importância dos legados das ações de extensão e como elas possibilitam à universidade cumprir sua missão de formadora de recursos humanos, de produtora e sistematizadora do conhecimento e disseminadora de saberes científicos, colocando-os à disposição da sociedade. Afinal, um dos princípios básicos da extensão, inserido na Política Nacional de Extensão universitária é:

A ação cidadã das Universidades não pode prescindir da efetiva difusão e democratização dos saberes nelas produzidos, de tal forma que as populações, cujos problemas se tornam objeto da pesquisa acadêmica, sejam também consideradas sujeito desse conhecimento, tendo, portanto, pleno direito de acesso às informações resultantes dessas pesquisas. (pag.21)


Imagem de destaque: Pedro Cabral. zp-pdl.com

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