Olha‌ ‌o‌ ‌tamanho‌ ‌do‌ ‌meu‌ ‌canhão‌ ‌ ‌

Dalvit Greiner

Nessa semana, assistimos (ou deixamos passar) uma autêntica exibição do macho adulto branco que está no comando do país. Triste exibição de quem não tem mais o poder conferido pelo voto; poder que tem que se reafirmar todos os dias para que todos vejam a potência da autoridade conferida pela vontade popular. 

É um círculo virtuoso: se a autoridade despreza o voto, despreza o povo que o elegeu e consequentemente perde a autoridade. Portanto, não deve mais tratar o povo que o elegeu apenas com desprezo, mas com a força necessária para a sua subjugação. Isso significa que a relação de confiança foi quebrada. No caso desse presidente, tal relação de confiança foi quebrada antes mesmo da sua posse, no dia seguinte ao voto.

É assim que temos vivido no Brasil desse presidente macho! Presidente que se elegeu pela força armada de suas milícias, pela força econômica de seus robôs e pela força ideológica de suas mentiras. Questionamentos vieram de todos os lados aos seus métodos, porém nenhum envolve o uso da força física. Tais questionamentos têm sido feitos pelas vias legais, nos dois outros poderes: legislativo e judiciário. Legítima e democraticamente temos respeitado o voto da parcela do povo que o elegeu, por meio de uma urna eletrônica auditável.

Bem sabemos que de todos aqueles votos que elegeram o atual presidente, boa parte foi de gente enganada. Aqueles que se enganaram têm todo o direito de se arrependerem e mudar de atitude, não apenas de voto. Mudar de atitude significa aprender a ser honesto e verdadeiro em suas relações com o mundo que o cerca. Isso é um aprendizado permanente.

Aqui, mais uma vez, entra a educação. Somente a educação faz com que a criança – e, claro, o adulto – se torne cada vez melhor. Nossa obrigação de mais velhos que conduzem outros a um futuro diferente é não mentir sobre o passado nem sobre o presente. Isso não quer dizer que somos melhores ou infalíveis, mas é uma obrigação moral. 

Um bom processo educativo prescinde totalmente da força física. Um processo democrático também. Num debate todos ganham conhecimento e se houver a necessidade de uma decisão que ela seja tomada sem violência, sem ameaças, sem mentiras. Portanto, tanto na educação quanto na democracia, nenhuma atitude autoritária tem valor devendo ser imediatamente repudiada.

Ora, mais uma vez a nota de repúdio. Não. Não estamos falando de notas de repúdio, o gênero literário mais moderno no Brasil. Falamos de atitude de repúdio. Se colocam tanques na rua (mesmo que seja uma velharia!) devemos responder com nossos corpos. Não é uma oferta ao tiro, é uma atitude de barreira, de ocupação da rua. De ocupação do espaço público, lugar de democracia e educação.

Professores e professoras que acreditam na educação e na democracia não são machos. Quem não dá valor à educação e à democracia, exibe o seu canhão chamando atenção para o seu tamanho. Coisa de macho! 

Olha só o tamanho da impotência!


Imagem de destaque: Gayatri Malhotra

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