O tamanho da minha casa

Henrique Caixeta

Um belo dia eu terminei de construir minha casa. Nenhuma casa está indefinidamente completa né? Sempre há algo a arrumar, algo a mudar. 

Mas a gente sabe quando ela está completa, é quando é possível habitá-la.

 E ela estava lá, minha casa. Grande, confortável, uma belezura. 

Eu a levava para todos os lados, fazia tudo dentro de casa e fazendo assim eu era feliz.

Durante esse tempo eu achei que nunca precisaria mudá-la, mas tinha certeza que, assim como o navio de Teseu, pouco a pouco suas peças não seriam mais as mesmas.

Mal sabia eu que um dia, alguém ia chegar e pedir pra eu reduzi-la.

De repente minha casa era grande demais. Bonita demais. Incomodava quem estava ao redor.

Sem querer atrapalhar eu a reduzi.

Depois, outra pessoa chegou, pediu pra eu reduzi-la ainda mais. Com medo eu reduzi.

A cada dia eu reduzia ela um pouquinho e seu brilho se apagava.

Ela era grande demais. Bonita demais. Colorida demais. Agora ela era exatamente como todas as casas, pequena, cinza, sem vida.

Eu já não cabia dentro dela, mas continuava a usando.

Olhava as casas ao lado pensando se já foram grandes e coloridas.

Todos os moradores me pareciam tristes, especialmente aqueles que me forçaram a apequenar.

Hoje minha casa é pequena e eu levo ela no bolso. 

Uso ela em tudo o que eu faço, sonhando com o dia em que a farei grande de novo, colorida e cheia de vida.

Estou de mudança.

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