Fabio Adriano de Queiroz
Do acesso à informação até as relações de convivência, as rápidas transformações sociais, culturais e tecnológicas que vivemos têm impactado diretamente nos processos de formação educacional e gerado novos desafios para famílias e instituições de ensino.
Enquanto a família representa a primeira e principal fonte de socialização e aprendizado para os filhos, as escolas têm como objetivo possibilitar o desenvolvimento de habilidades humanas na sua totalidade para que os estudantes possam se tornar cidadãos críticos, responsáveis e participativos na sociedade.
Ambas desempenham um papel fundamental na educação básica de crianças e adolescentes e devem caminhar de braços dados, a fim de garantir um processo de formação educacional eficiente, estruturado por um conjunto de experiências que proporcionem aos estudantes desenvolverem habilidades e valores essenciais para a formação de cidadãos conscientes e críticos, capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Esse processo de formação educacional tem início na infância e se estende por toda a vida, envolvendo a família, a comunidade escolar e as diversas vivências conforme cada cultura. De um lado, a família é responsável por fornecer um ambiente seguro e estimulante para o aprendizado, o que inclui incentivar o hábito de leitura, ajudar com as tarefas de casa, estimular a curiosidade e a criatividade das crianças, além de promover valores como responsabilidade, respeito e honestidade.
Essa socialização primária, que ocorre no ambiente familiar, tem um grande impacto no desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças e adolescentes. É durante essa fase que as crianças aprendem as crenças, normas e comportamentos que são considerados apropriados na cultura em que vivem. A socialização primária ainda influencia na personalidade do indivíduo, moldando seus hábitos, atitudes e comportamentos em relação a si mesmos, aos outros e ao mundo em geral.
Do outro lado, a escola é a responsável por oferecer um ambiente seguro e estruturado para que os estudantes possam aprender, além de evoluir o desenvolvimento da autonomia, da responsabilidade e do projeto de vida.
Como a formação educacional tem um impacto significativo no desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças e adolescentes, deve acompanhar também as mudanças da sociedade, o que inclui a formação de famílias da nova geração. Embora não seja possível caracterizar todas as famílias da nova geração de forma homogênea, pois elas são bastante diversas e podem ter diferentes estruturas, valores e dinâmicas, é possível apontar algumas tendências e mudanças que têm ocorrido na composição e na forma como as famílias funcionam, com menor número de filhos, maior autonomia financeira, bem como ampla utilização da tecnologia – o que possibilita novas formas de interação afetiva e social.
A tecnologia e o advento da Internet, por sua vez, também têm tido um grande impacto nos processos de formação educacional desta geração. Isso inclui um maior acesso à informação e a outras culturas, além de uma nova aprendizagem personalizada e colaborativa.
O impacto positivo de uma relação próxima entre família e instituição de ensino
Diante desse cenário de rápidas transformações, estreitar a relação entre as instituições de ensino e as famílias dos estudantes é fundamental para melhorar os processos de aprendizagem. Para isso, é necessário que haja uma comunicação saudável e afetiva, o feedback permanente, o respeito às diferenças e a colaboração mútua entre todos os envolvidos no processo de formação humana.
A atuação assídua da família pode ser extremamente benéfica para os processos educacionais propostos pelas instituições de ensino. Quando a família se envolve na educação dos filhos, os estudantes não só tendem a ter um desempenho escolar melhor como também adquirem uma atitude mais positiva em relação à escola, por isso as instituições de ensino geralmente esperam que as famílias dos estudantes desempenhem um papel ativo e positivo no processo de formação educacional de seus filhos.
Algumas atuações construtivas nesse sentido são estabelecer uma rotina de estudos em casa, promover o incentivo à aprendizagem, manter uma comunicação saudável com a escola, acompanhar o desempenho acadêmico, ter uma participação ativa nas reuniões, colaborar com os professores para garantir o sucesso educacional e ser a base emocional para os filhos.
A boa colaboração entre famílias e instituições de ensino – que ainda inclui uma convivência saudável alicerçada na ética e no respeito – promove um cenário virtuoso para todo o ciclo de formação educacional: ganham as escolas com maior suporte a suas atividades; ganham as famílias com filhos mais seguros e responsáveis; e ganham, principalmente, as crianças e adolescentes com maior desempenho de aprendizagem e desenvolvimento socioemocional.
Sobre o autor
Fabio Adriano de Queiroz é Professor e Coordenador de Ensino Religioso na Rede de Colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta educacional disruptiva e alinhada às principais tendências do mercado de educação.
Imagem de destaque: Galeria de imagens