Triste é saber que, mesmo com obras que analisam a trajetória da educação no Brasil, o ator que pode modificar as incoerências da educação atual, parece alheio às reais necessidades reflexivas do ato de ensinar. Este ator é o(a) professor(a).
Entendendo a educação advinda desde os primórdios da existência humana, pois se dava em função do trabalho, ao observar a educação, mais especificamente a pedagogia, fico com a classificação de Saviani, que designa um período religioso, outro ao mesmo tempo religioso e leigo (lê-se laico), mais um que recebia ao mesmo tempo o tradicional e o escolanovistas e, por fim, já esperado devido ao contexto industrial, um período produtivista, 1549-1759, 1759-1932, 1932-1969 e 1969-2001, respectivamente.
O primeiro período, com ênfase na aprendizagem da língua portuguesa e na educação religiosa, denominado pedagogia basílica, direcionado aos índios, pois eles que por aqui viviam. De pronto, notamos a necessidade de desconstruir uma cultura secular que já existia para se implantar outra advinda do outro lado do mundo que, com os primeiros passos do capitalismo, já buscava ampliar a produção e o mercado de consumo. Em seguida, com o Ratio Studiorum (plano de estudos), houve uma relativa estruturação dos métodos de ensino, ao formar turmas de estudos, à prática de exercícios e a formação de “bons costumes”. Este sim era elitista e destinava-se aos filhos dos colonos, ainda comandado pelos jesuítas.
O segundo período citado ilustra as ideias carregadas pelo contexto iluminista, sendo instauradas as “aulas régias”, com professores pagos pela coroa. Sendo um contexto iluminista, a laicidade predominou nas reformas implantadas. Nesse grande período, que durou quase 200 anos, percebemos o uso de uma pedagogia que colocou em prática o método mútuo (ou lancasteriano, que ampliava a capacidade de atendimento a vários alunos, simultaneamente, com o auxílio de alunos mais adiantados), é possível citar outras mudanças importantes como o Ato Adicional de 1834, a Reforma Couto Ferraz, a Reforma Leôncio de Carvalho, a aplicação do Método Intuitivo (ou lições de coisas), a Reforma Benjamin Constant (que rompia com o modelo educacional do Brasil Colônia e inseria aspectos positivistas na educação), a Reforma Paulista (baseada em adaptações do ensino alemão, a criação dos grupos escolares, com a figura do diretor), a tendência do Fordismo (com alunos formados dentro de um padrão), a tendência do Keynesianismo (fortalecendo a intervenção do Estado na educação), o Manifesto dos Pioneiros da Educação (com o escolanovismo que defendia a universalização da escola pública laica e gratuita, destacando questões relacionadas à espontaneidade, elementos psicológicos a serem considerados e a qualidade do ensino em oposição à quantidade), a Pedagogia Tecnicista (com ênfase na produtividade e eficiência, visando a formação de trabalhadores, a Pedagogia crítico-reprodutivista (com uma crítica à educação dominante), a Pedagogia crítico-social dos conteúdos (que defendia a educação voltada aos interesses populares) e as tendências “Neo” (época em que foram elaborados os PCN’s).
É válido notarmos a afirmação de Rui Barbosa que destacou o gasto com os militares de 20,83% e o gasto com a educação de apenas 1,99%.
Diante do resgate realizado acima, não contendo todos os fatos históricos e, mesmo com os citados, não discorridos ao contento de sua importância (pois merecem capítulos específicos de análise e reflexão), podemos ter uma noção mínima para citarmos alguns pontos importantes da esfera educativa.
Estudando a trajetória da educação no Brasil e no mundo, notamos que ela serviu como reprodutora de interesses alheios à maior parte da população. Hoje não é diferente.
A própria formação dos(as) professores(as), fragmentada e carente de reflexões necessárias, mostra-se insuficiente (entenda insuficiente não em quantidade de horas, mas na qualidade da mesma). O cenário torna-se, a partir daí, mais pessimista e incoerente.
Há que se buscar meios para que os(as) professores(as) tenham acesso a reflexões pertinentes ao caráter de sua função que, por estar subjugado a ideologias que afastam a reflexão do próprio ato educativo, dificultam sua melhor atuação. Assim, vemos a fragmentação constante do ensino, o caráter técnico cada vez mais presente – não somente com o crescimento de cursos técnicos e que possuem sua validade, mas no ensino básico e superior – e a alienação que impossibilita a busca por mudanças efetivas no redimensionamento de estruturas sociais decadentes.
Enquanto esses meios de busca por mudanças, oportunidades de reflexão – não somente na formação do(a) professor(a), mas nas leituras que realiza e em debates organizados em várias esferas sociais – e mudanças no ato educativo não ocorrerem, ainda padeceremos diante da nossa própria pequenez. Ficaremos reduzidos na reprodução dos manuais, pois substancialmente não há justificativa para mudanças para aquele que não sabe para onde caminha.
www.otc-certified-store.com zp-pdl.com https://zp-pdl.com/emergency-payday-loans.php http://www.otc-certified-store.com/eye-care-medicine-usa.html