Jovens de Sergipe mostram que política e educação podem andar juntas

O senso-comum diz que que jovens não combinam com política. Mas o projeto Atheneu POP, do Colégio Estadual Atheneu Sergipense, em Aracaju (SE), mostra o contrário. A iniciativa, que surgiu de um grupo de estudantes de ensino médio, foi apresentada no 6º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação da Jeduca.

Em sua apresentação, a estudante Renata Aragão, gestora do Atheneu POP, conta como o projeto nasceu do desejo de saber mais sobre política. “A ideia surgiu porque percebemos que o jovem não debatia sobre política e não conhecia os candidatos do próprio estado”, conta ela.

Com orientação do professor de sociologia Yuri Norberto, também presente no congresso, o projeto começou a ganhar forma. Ele explicou que ele se dividiu em três fases: na primeira, os estudantes se dedicaram a pesquisar sobre políticas públicas, na segunda, eles se organizaram em grupos para preparar entrevistar especialistas nas diferentes áreas. Tudo isso para preparar a terceira fase: sabatinas com candidatos ao governo do estado de Sergipe nas eleições de 2022.

Foram três etapas de sabatina, uma delas no formato de roda de conversa. “A gente tem que estar no mesmo nível, tem que participar. A política está no nosso cotidiano. Política, ela é tudo. Se o aluno chega atrasado na escola porque falta ônibus, isso é política pública mal desenhada, que vai afetar a educação e a vida do estudante”, argumenta Renata.

Na avaliação dela, a experiência permitiu que os estudantes conhecessem as propostas e planos de governo, identificado aqueles que mais se aproximam dos ideais de cada um. “Se a gente não se interessar por política, vai refletir no nosso futuro, principalmente para muitos jovens que vão votar pela primeira vez neste ano”, comenta a estudante.

Para o professor Norberto, o balanço da experiência é positivo e contrariou inclusive o receio de a iniciativa não daria certo ou que ela não contaria com o engajamento dos estudantes. A chave, segundo ele, é a confiança e dar espaço para o protagonismo do jovem na educação.

“Imagine colocar mil alunos numa quadra de escola, com quatro candidatos a governador, num cenário político que não está fácil, sem problema nenhum. Toda a condução foi feita pelos alunos”, descreve Norberto ao falar sobre o sucesso do projeto. “Se a gente confiar, eles são capazes de fazer. Meu trabalho foi incentivar, depois eles desabrocharam”.

Por isso, o professor faz um pedido: “O que eu peço a vocês, jornalistas e futuros jornalistas é conhecer a gente, conhecer o que a gente faz na educação pública. Tudo isso é resultado da educação. Educação é isso, a chance de as pessoas melhorarem”.

Texto original publicado aqui.


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