A escrita dos meus artigos para o jornal Pensar a Educação em Pauta é uma das tarefas acadêmicas que me dá estímulo intelectual para problematizar a escola brasileira na atualidade. É uma atividade prazerosa e, ao mesmo tempo, inquietante: uma vez que me coloco em diálogo com um grupo seleto de interlocutores. Juntos, por meio do Pensar, materializamos nossos propósitos educativos, nossas críticas políticas e interpretações para este tempo. Em tempos em que o futuro parece estar interditado, o Pensar nos instiga a uma atitude esperançosa sobre a educação que desenvolvemos em nosso país. Hoje, dia 13 de novembro, precisamos comemorar a chegada do número 300 deste importante espaço de interlocução com nossos colegas professores e professoras.
Para o texto desta semana, em tom de homenagem, resolvi fortalecer uma pauta que atravessa minha participação e que também mobiliza a atividade editorial do Pensar, qual seja: a defesa da escola democrática. No contexto brasileiro em que estamos assistindo a uma intensificação das agendas neoliberal e neoconservadora, a construção deste ideal tornou-se fundamental, especialmente para conectarmos “as minúcias da sala de aula e o caminho democrático”, como nos ensina James Beane.
Precisamos, coletivamente, fortalecer as decisões curriculares e pedagógicas tomadas de modo mais horizontal e com uma agenda mais plural. Parece-nos oportuno restabelecer o debate sobre planejamentos colaborativos, conhecimentos significativos, avaliações emancipatórias e currículos integrados. Importante também promover amplos debates sobre as novas formas de cidadania e sobre as finalidades e os propósitos educacionais para as escolas do século XXI (Silva, 2020).
Por fim, ao retomar o protagonismo do Pensar nestes 300 números, importante destacar seu potente trabalho na composição de uma agenda progressista mais sintonizada com os desafios da escola contemporânea. Em sociedades democráticas, seria conveniente ultrapassar as metas muito estreitas que perfazem os currículos da escola brasileira, retomando os debates acerca de uma cidadania orientada para a justiça social (Westheimer, 2015) e que seja capaz de ampliar e diversificar o repertório formativo de nossos estudantes.
Referências:
BEANE, James. Ensinar em prol da democracia. Revista E-curriculum, v. 15, n. 4, p.1050-1080, 2017.
SILVA, Roberto Rafael Dias da. Entre a compulsão modernizadora e a melancolia pedagógica: a escolarização juvenil em tempos de pandemia no Brasil. Práxis Educativa, v. 15, p. 1-12, 2020.
WESTHEIMER, Joel. Ensino para a ação democrática. Educação e Realidade, v. 40, n. 2, p. 465-484, 2015.
Imagem de destaque: Henrique Chendes / Imprensa MG