Escola Básica e indisciplina
Reinaldo Pereira da Silva
A partir dos séculos XVIII e XIX deu‐se o surgimento da sociedade disciplinar, quando os diversos setores, como a Igreja, a Escola e o Estado quiseram fazer do indivíduo um cidadão moral e politicamente útil. É diante disso que a teoria de Foucault (em seu livro Vigiar e Punir) entra em jogo, observando o controle gerenciado nos indivíduos que reflete a ordenação das estruturas maiores da dominação. Essa disciplina atuante sobre o ser se impunha de diferentes maneiras, como através dos espaços e de técnicas adestrativas.
A escola, enquanto organização social, era para formação e definição de sujeitos manipuláveis. Dentro de sua estrutura, refletia as práticas sociais de dominação, produzindo subjetividades assujeitadas dóceis. Para Foucault, a escola tornou‐se o meio mais eficaz desse controle que se exerce não só sobre o corpo, o olhar e os movimentos, mas sobre a própria consciência.
Contudo, Foucault não desenvolve uma concepção transformável. É evidente a necessidade de uma outra organização para o funcionamento da escola, coerente com a proposta educacional libertadora, democrática e transformadora.
A busca constante de um entendimento do conceito de disciplina passa do autoritarismo a uma participação construtiva da sociedade, onde a busca seria em torno de formar uma postura crítica e participativa do cidadão, para modificar sua realidade no contexto onde está inserido. A disciplina deve ser utilizada como ferramenta para colaborar com a organização escolar e, em consequência, para a apropriação do saber, deve proporcionar ao indivíduo maior autonomia, liberdade e criticidade, uma transformação que afetará também a sociedade de maneira construtiva.
A indisciplina representa um dos principais fenômenos que geram dificuldades no contexto escolar, já na escola básica e segue até a universidade. Esse fato vem se agravando de tal forma que nem a escola e nem a família conseguem solucionar o problema.
O termo indisciplina pode ser definido como procedimento, ato ou dito contrário à disciplina, desobediência, desordem, rebelião. O indisciplinado é o indivíduo que se insurge contra a disciplina. A indisciplina manifesta por um indivíduo ou um grupo, é compreendida como um comportamento inadequado, um sinal de rebeldia, intransigência, desacato, traduzida na falta de educação ou de respeito pelas autoridades.
A escola básica, por sua vez, também precisa de regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da convivência entre os diferentes elementos que nela atuam.
Um dos fatores que são elencados como possíveis causadores de manifestações de indisciplina no contexto escolar é a perda de autoridade do professor, tanto no que se refere ao conhecimento, quanto à postura em sala de aula.
A prática pedagógica do professor deve promover desequilíbrios cognitivos no aluno, fazendo com que as iniciativas que são tomadas por esse, buscando a retomada do equilíbrio, se revertam em estímulo para aprender e participar do processo.
Percebe-se que cada vez mais os alunos vêm para a escola com menos limites trabalhados pela família. Esta terceiriza a disciplina para o professor.
A autoridade, sendo um produto da relação professor-aluno, não é de toda errada e sim necessária, porém realizada de forma eficaz, conduz o discente a se disciplinar, sendo esse, então, capaz de adequar seu comportamento a determinadas regras, definidas por ele ou não.
As regras adotadas pelo docente advento da autoridade que é adquirida devem ser aceitas pelo discente e não impostas, estando vinculadas ao papel do líder que as expõe com o direito de ser dialogada com os participantes do processo para ser aceita. A relação estabelecida entre o professor e seus alunos passa a ser construída por ambos, em comum acordo, que conduz os educandos a aceitar e entender as regras como posturas a serem tomadas e com a possibilidades de mudanças.
A autoridade não pode ser vista como um bloqueio da liberdade discente, nem tampouco pelo cessar de uma autonomia discente. Não se deve confundi-la com autoritarismo.
A indisciplina representa no cotidiano escolar da escola básica à universidade, um dos principais fenômenos geradores de inúmeras dificuldades, sejam elas, relacionadas às relações entre professor e aluno e entre alunos.
A concepção de que a indisciplina escolar é algo desvinculado da ação pedagógica é ultrapassada, uma vez que a disciplina pode ser construída como qualquer outro conteúdo, desde que a escola reveja sua função, estabelecendo novas relações construídas a partir de novos valores.
Portanto, somente uma mudança no tipo de relações estabelecidas no interior das escolas e na família poderá fazer com que a indisciplina seja encarada sob aspectos diferentes, isto é, os princípios que compõem as regras a serem cumprida pelos alunos sejam democráticos, justos e iguais para todos.
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