Erramos, de novo e sempre! – Dalvit Greiner

Erramos, de novo e sempre!

Dalvit Greiner

Aqui nessa casa ninguém quer a sua boa educação

[…] Volte para o seu lar. Volte para lá

(Marisa Monte, cantando)

111 dias de usurpação de um governo eleito pelo povo

Chegamos ao fim de 2016. Podemos contar vitórias e derrotas e, a partir dessa contabilidade simples de mais e menos, qualificar nossas vitórias e nossas derrotas. É isso mesmo: existem derrotinhas e derrotonas, vitorinhas e Vitórias com “V” maiúsculo. Derrotinhas e vitorinhas nos afetam, mas no curso do ano a gente vai levando, seus efeitos vão sendo diluídos, alguns se positivam (aquela história de que há males que vem para bem) e acabam por não nos incomodar tanto. Entram no rol das normalidades do ano. Já as Derrocadas e Vitórias, essas tem um ar de definitivas ou de longas permanências em nossas vidas e de nossas comunidades.

Outra coisa que entra em nosso rol das normalidades são as festas de fim de ano, incluindo-se aí as formaturas de fim de curso. Falo do ensino fundamental, etapa que leciono e muito especialmente da Educação de Jovens e Adultos. Assim, o que entra nas normalidades do cotidiano escolar são os Conselhos de Classe para aqueles alunos que não alcançaram 60% mesmo depois de todas as oportunidades que o sistema lhe deu para obter a nota. Note: para obter a nota não para aprender. Esta é nossa derrota que vem entrando para a nossa normalidade.

Depois de não conseguir mudar uma cultura de Avaliação – e sequer insistir numa nova cultura escolar – a equipe que está deixando a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, creio eu, deixa um legado muito ruim: o Boletim Escolar, expressão máxima de um eterno retorno a práticas avaliativas nenhum pouco pedagógicas, portanto alheio a qualquer procedimento e planejamento educativo compatível com um novo modo de fazer escola que se pretendeu chamar Escola Plural. Foi a pá de cal.

Hoje o Conselho de Classe, instituído para avaliar, torna-se soberano numa decisão que já foi tomada pela Secretaria Municipal de Educação quando definiu as metas para retenção dos estudantes. O Teatro Avaliativo é o seguinte: exige-se de professores e professoras que realizem o milagre da aprendizagem em estudantes que tem pouco ou nenhum interesse pela escola, justamente porque não faz parte de sua cultura. Exige-se tal milagre com uma cartilha, denominada Currículo, que não representa a cultura do estudante incluindo-se aí a leitura, escrita e matemática e com ferramentas avaliativas que avaliam isso: SIMAVE, Prova Brasil, ENEM e quaisquer outros testes que se possa imaginar. Ato contínuo a essa contradição, nosso estudante deveria atingir uma proficiência tal que o permitisse responder a qualquer questão do INAF – Índice Nacional de Alfabetismo Funcional. Traduzindo: deve letrar-se, em todos os sentidos.

Mas, tal proficiência não é atingida e, mesmo assim, o município tem o selo que o garante ser uma cidade sem analfabetos. É bem possível: juntar letras não é tão difícil assim. É possível até fazê-lo mecanicamente, usando todos os sentidos. Porém, ler é uma outra história. Estar e ser letrado é o resultado da vivência e das oportunidades desse exercício que nos é dado. Precisamos pensar numa cidade sem analfabetos funcionais que possam e saibam usufruir e fruir plenamente a sua vida. Vejo aqui o resultado de uma responsabilidade social que é exigida aos professores e professoras sem que sejam dadas as condições para ao menos tenta-la.

Como não houve investimento formativo numa nova cultura escolar continuamos a confundir instrumentos de avaliação com Avaliação. O que deveria ser um movimento contínuo de reflexão da relação professor-conhecimento-estudante, e não necessariamente nessa ordem, é apenas uma relação hierárquica e autoritária de decidir, dentro das metas colocadas anteriormente, quem deve ou não deve passar de ano. Isso são os Conselhos de Classe na Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Mantem-se um nome positivo para uma prática negativa como forma de dizer que a escola é democrática.

Não estranhem meu texto. As expressões que se ouvem nas escolas são essas: dar nota, passar de ano, dar bomba, recuperação do trimestre, de fim de ano, nova oportunidade de aprendizagem, oportunidade de estudos de recuperação e outros eufemismos que a atual gestão criou ou deu continuidade. Imagine avaliar um adulto da Educação de Jovens e Adultos na mesma medida e com os mesmos critérios. É isso que nos mandam fazer quando incluem o Boletim Escolar na EJA. Continuamos errando, de novo e sempre!

Tudo isso demonstra que houve pouco ou nenhum investimento na formação dos professores e professoras, das famílias e seus filhos, da comunidade de uma forma geral, de que uma nova escola tem que surgir para acompanhar o mundo que aí temos. É preciso explicar o que é progressão continuada e qual o papel da Avaliação num sistema que adotou tal método. É preciso explicar à comunidade que o estudante não mais toma bomba, que ele tem direito a uma formação contínua e continuada. É preciso dar formação e condição aos profissionais da educação para que possam aprender e praticar uma Avaliação Formativa e Continuada. Daí, explicar e praticar uma Avaliação que promova este estudante, que o faça refletir sobre o seu lugar na família, na escola, na comunidade, na cidade, na…

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