Emancipação, empoderamento e protagonismo: um breve esboço pedagógico do curso BH Itinerante, Região Metropolitana de Belo Horizonte

Vagner Luciano de Andrade

Este texto discorre sobre um modelo de formação interdisciplinar na Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH, cujos profícuos resultados enunciam emancipação, empoderamento e protagonismo. O curso de extensão em Educação Ambiental “BH Itinerante” objetiva constituir “Agentes Ambientais” adequados ao desenvolvimento de ações. O princípio máximo do curso é desenvolver agentes responsáveis frente as realidades socioambientais, organizados para idealizar e formatar atividades, ressaltando o cuidado com o homem e o ambiente, em sua totalidade. 

Esse curso teórico e prático, estrutura-se num vasto conteúdo metodológico: Agenda 21, aspectos naturais, ambiente urbano, redes socioambientais, políticas públicas, dentre outras questões contemporâneas. Ofertado pela Prefeitura de Belo Horizonte, desde 2000, por meio da Gerência de Educação Ambiental, tendo como enfoque a capital mineira e entorno, seus itinerários e espaços de ensino e de aprendizagem. As atividades vinculam-se ao projeto da Sala Verde, compondo o Centro de Extensão em Educação Ambiental, onde ensinar é emancipar sujeitos, dando-lhes voz e vez na história.

Objetiva colaborar para a gênese e elevação de atividades socioambientais para preservação do meio biótico, meio abiótico e meio antrópico. Fruto da dedicação e da atividade prática de planejamento e realização de uma equipe interdisciplinar, as datas de encontro alternam Palestras, Oficinas, Relatos de Experiências, Travessias Urbanas, Visitas Orientadas. O curso desenvolve-se por meio da consumação de aulas de campo, ações interativas e lúdicas. Deste modo, as atividades, internas e externas propõem a experiência das respectivas modalidades, permitindo aos alunos praticarem a observação do meio, a percepção da paisagem, a análise das realidades, a interpretação dos fatos e a criação coletiva.

Metodologicamente, o curso propõe uma extensão curricular das Oficinas que objetivam aos cursistas, possibilidades de perceber a realidade ambiental da urbe de Belo Horizonte e de seu entorno, pela ação de agentes transformadores que repassarão os conhecimentos e vivências para outros grupos. Os diferentes assuntos oferecidos adotam vários procedimentos. Empregam recursos didáticos como atividades interativas, brincadeiras, jogos, palestras, slides e vídeos para introduzir, fixar e avaliar os conteúdos. Em várias oficinas, palestras e visitas, elementos são repassados através de práticas lúdicas, o que admite ampla inclusão dos partícipes, oportunizando uma aprendizagem alegre e o acréscimo de habilidades culturais, intelectuais e motoras. 

Estas Atividades Lúdicas em Educação, por sua vez, são minicursos livres, sem nenhum custo adicional, com três horas de duração, oferecidos ao público jovem, adulto e idoso, sobre os tópicos referentes à situação ambiental de Belo Horizonte.  As oficinas, palestras e visitas, não ambicionam ser um trabalho acabado. Estão consecutivamente sendo atualizadas, enriquecidas e, para isso, contam também com a cooperação dos participantes através das avaliações de cada atividade. O público acolhido são cidadãos, a partir de 16 anos de idade, em geral interessados, em adquirir informações na área socioambiental, para garantir atitudes responsáveis no trato com o meio ambiente. Palestras temáticas denominadas “Ambiente em Foco” e travessias/visitas também estão inseridos no pacote de extensão. 

Além do preparativo e efetivação do trabalho em si, o registro, a avaliação e a socialização dos resultados práticos finais são passos de grande valor para o aprimoramento da transformadora perceptiva da realidade. Deste modo, como trabalho de curso, há uma proposta opcional de finalização, onde os alunos escolhem entre travessia ambiental ou uma oficina educativa para vivenciarem, in loco, os desafios das técnicas de educação. Percebe-se que motivar a capacidade de criação, a criatividade é empoderar, dando instrumentos para a mediação dos conflitos reais. Um esboço pedagógico do curso BH Itinerante permite claramente evidenciar três etapas formativas: a emancipação (a participação no curso e nas demais ações ofertadas), o empoderamento (trabalho final planejado e executado) e protagonismo (ação, em rede, após a conclusão da formação). 

A rede é local de formar, protagonizar, reformar e transformar questões, motivando percepções e ações em prol da coletividade. Adiante, toda a formação é uma gênese voltada o pensamento em Rede. Encontrar-se em rede associa-se às múltiplas experiências existenciais que se atrelam à ecologia pessoal, à ecologia social e à ecologia ambiental. No mundo articulado em rede, enfrenta-se diariamente, o desafio de reinventar e reconstruir o ser/estar no mundo. A identidade individual sofre cotidianamente as influências de novos códigos sociais impregnado de indagações. A resposta está no âmago do ser/perceber e conduz a novos caminhos que dependerão de nós mesmos e das redes em que entrelaçamos. Assim, a cultura, a ecologia, a economia, a educação, a política, a sociedade se revestem de emancipação, empoderamento e protagonismo rumo à tessitura de um novo limiar, o Século XXI, o século das redes e da percepção para transformação.


Imagem de Destaque: Rede Ação Ambiental (sob minha responsabilidade judicial)

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