Curricularização da Extensão Universitária

Editorial do número 324 do Jornal Pensar a Educação em Pauta

As universidades são definidas constitucionalmente como instituições que integram, necessariamente, o ensino, a pesquisa e a extensão. No entanto, o que se observa é que nem sempre há um equilíbrio da presença destas três dimensões na experiência universitária, com um claro prejuízo à extensão.

Em razão disso, a curricularização da extensão é, hoje, uma discussão das mais prementes nos corredores das universidades brasileiras,  e os debates se intensificam com a chegada de 2022,  ano estabelecido para que a meta 12 (item 12.7) do Plano Nacional de Educação esteja em plena execução. Pela legislação a extensão deverá, até dezembro de 2022, fazer parte dos projetos pedagógicos dos cursos universitários e contribuir com o aprendizado pessoal e profissional dos alunos. A esse respeito, a resolução MEC/CNE de 2018, estabelece que “as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos”.

O  contexto em que se discute a exigência de que as universidades assumam, definitivamente, a extensão universitária como parte formativa de todos os alunos de graduação é também um momento que se exalta a atuação da extensão universitária em resposta à situação catastrófica em que vive o país.

A crise sanitária mostrou a capacidade de rápida resposta e de compromisso das instituições públicas, dentre elas as universidades, diante da responsabilidade de encontrar soluções para as questões sociais e econômicas que assolam a sociedade mundial. São inúmeros exemplos de atividades que, ainda que majoritariamente, em regime remoto não deixaram de atender as demandas sociais: geração de renda para grupos de catadores de materiais recicláveis, atendimento psicossocial de grupos de idosos, adolescentes, crianças, acompanhamento de gestantes, produção de conteúdos diversos para comunicação por rádio, lives, redes sociais para que a informação e o acolhimento chegassem ao maior número possível de territórios. 

Neste contexto, a extensão universitária cumpriu, com excelência, o seu objetivo institucional de diálogo com a sociedade e de transformação social e assumiu a posição solidária que esse momento exige. Diante das consequências das políticas de morte assumidas pelo Governo Federal, os problemas relacionados ao desemprego, à fome, à saúde mental, à mobilidade social foram abordados e atendidos por pesquisas e, principalmente, por ações de intervenção social por parte da comunidade universitária. 

Enquanto os laboratórios das universidades e grupos de pesquisa se mobilizaram para buscar as soluções para a doença e se dedicaram a descobrir métodos, técnicas e produtos que mitigassem as causas e as sequelas da Covid-19, as equipes da extensão protagonizaram o atendimento aos impactos sociais, políticos e culturais, principalmente, em grupos e comunidades mais vulneráveis, através de programas, projetos, cursos, eventos e prestações de serviço por todo o país.

É por isso que a curricularização da extensão significa que a universidade ampliará a sua capacidade de relação com a sociedade e poderá fazer mais para contribuir com a solução de desafios impostos à nossa humanidade. A maior presença da extensão nos currículos permitirá, ainda, que os alunos se formem, ao longo do seu curso, em sintonia com a vida e com as questões que desafiam as políticas públicas, as famílias, as relações de trabalho e o meio ambiente. 

Nas discussões sobre a extensão universitária defende-se que a universidade pública deve assumir uma escolha política de atuar por uma sociedade mais justa, igualitária e democrática e, portanto, precisa formar profissionais cidadãos tecnicamente competentes e eticamente comprometidos com a sociedade. Assim, a extensão universitária, integrada às atividades de pesquisa e de ensino contribuirá, continuamente, para a mudança por dias melhores!  

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Curricularização da Extensão Universitária

As universidades são definidas constitucionalmente como instituições que integram, necessariamente, o ensino, a pesquisa e a extensão. No entanto, o que se observa é que nem sempre há um equilíbrio da presença destas três dimensões na experiência universitária, com um claro prejuízo à extensão.

Em razão disso, a curricularização da extensão é, hoje, uma discussão das mais prementes nos corredores das universidades brasileiras,  e os debates se intensificam com a chegada de 2022,  ano estabelecido para que a meta 12 (item 12.7) do Plano Nacional de Educação esteja em plena execução. Pela legislação a extensão deverá, até dezembro de 2022, fazer parte dos projetos pedagógicos dos cursos universitários e contribuir com o aprendizado pessoal e profissional dos alunos. A esse respeito, a resolução MEC/CNE de 2018, estabelece que “as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos”.

O  contexto em que se discute a exigência de que as universidades assumam, definitivamente, a extensão universitária como parte formativa de todos os alunos de graduação é  também um momento que se exalta a atuação da extensão universitária em resposta à situação catastrófica em que vive o país.

A crise sanitária mostrou a capacidade de rápida resposta e de compromisso das instituições públicas, dentre elas as universidades, diante da responsabilidade de encontrar soluções para as questões sociais e econômicas que assolam a sociedade mundial. São inúmeros exemplos de atividades que, ainda que majoritariamente, em regime remoto não deixaram de atender as demandas sociais: geração de renda para grupos de catadores de materiais recicláveis, atendimento psicossocial de grupos de idosos, adolescentes, crianças, acompanhamento de gestantes, produção de conteúdos diversos para comunicação por rádio, lives, redes sociais para que a informação e o acolhimento chegassem ao maior número possível de territórios. 

Neste contexto, a extensão universitária cumpriu, com excelência, o seu objetivo institucional de diálogo com a sociedade e de transformação social e assumiu a posição solidária que esse momento exige. Diante das consequências das políticas de morte assumidas pelo Governo Federal, os problemas relacionados ao desemprego, à fome, à saúde mental, à mobilidade social foram abordados e atendidos por pesquisas e, principalmente, por ações de intervenção social por parte da comunidade universitária. 

Enquanto os laboratórios das universidades e grupos de pesquisa se mobilizaram para buscar as soluções para a doença e se dedicaram a descobrir métodos, técnicas e produtos que mitigassem as causas e as sequelas da Covid-19, as equipes da extensão protagonizaram o atendimento aos impactos sociais, políticos e culturais, principalmente, em grupos e comunidades mais vulneráveis, através de programas, projetos, cursos, eventos e prestações de serviço por todo o país.

É por isso que a curricularização da extensão significa que a universidade ampliará a sua capacidade de relação com a sociedade e poderá fazer mais para contribuir com a solução de desafios impostos à nossa humanidade. A maior presença da extensão nos currículos permitirá, ainda, que os alunos se formem, ao longo do seu curso, em sintonia com a vida e com as questões que desafiam as políticas públicas, as famílias, as relações de trabalho e o meio ambiente. 

Nas discussões sobre a extensão universitária defende-se que a universidade pública deve assumir uma escolha política de atuar por uma sociedade mais justa, igualitária e democrática e, portanto, precisa formar profissionais cidadãos tecnicamente competentes e eticamente comprometidos com a sociedade. Assim, a extensão universitária, integrada às atividades de pesquisa e de ensino contribuirá, continuamente, para a mudança por dias melhores! 


Imagem de destaque: UFMG

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