Cultivando o amor

Janayna Alves Brejo. 

Certo dia, eu estava conversando com uma amiga, daquelas que a gente conhece faz pouco tempo, mas que pela afinidade já nos conquista, sabem?

Pois é, todas as vezes que conversamos, ela traz uma ou duas palavras-chave, daquelas que ficam na nossa cabeça e não saem… Dessa vez, ela falou sobre a importância de alimentarmos o “ciclo do amor” e me contou uma história que aconteceu com ela, uma narrativa simples, mas que faz toda a diferença no caminhar da existência.

Estava ela resolvendo coisas do cotidiano no centro da cidade, quando de repente começou a chover. Rapidamente, buscou uma marquise para abrigar-se, pois sabia que bastaria uma simples chuvinha para ficar resfriada… Da mesma forma, um grupo formado por uma moça e três rapazes também buscou abrigar-se na mesma marquise.

Sem querer, e pela proximidade mesmo em que estavam, ela ouviu a conversa deles. Pelo que entendeu, não moravam na cidade, eram pessoas que vieram a trabalho e buscavam a localização do hotel onde se hospedariam.

De repente, os rapazes resolveram enfrentar a chuva e procurar o hotel, deixando a moça para trás. A moça ficou desesperada, porque não fazia ideia de como chegaria ao local sozinha. Como minha amiga havia ouvido a conversa e sabia onde ficava o hotel, e, ainda, que ele não estava longe para irem a pé, ofereceu-se para ajudá-la. Foram então, as duas, correndo de marquise em marquise, buscando se proteger da chuva e assim chegaram na porta do hotel. Naquele momento, a moça começou a chorar e lhe disse: “eu não conseguiria ter chegado aqui sozinha. Como posso lhe agradecer?”  Olhando nos olhos dela, respondeu: “ajudando alguém também”.

Minha amiga chegou em casa “ensopada”, tinha se molhado completamente com a chuva. A roupa pingava. Ela então pensou: “vou tomar um banho, vestir uma roupa bem quentinha para me aquecer e esperar o resfriado”. Mesmo porque, se um simples chuvisco já lhe deixava resfriada… imaginem uma chuva daquelas! Mas, sabem o que aconteceu? Nada, absolutamente nada. O resfriado não veio.

Ao acabar de me contar essa história, ela concluiu: “esse é o ciclo do amor: nós ajudamos indistintamente, sem esperar nada em troca, e a vida nos retribui com o bem. Não fiquei resfriada e talvez tivesse até ficado se ignorasse a situação da moça, pois teria me exposto à chuva da mesma forma até chegar em casa”.

Após ouvir essa linda história, pude concluir que o “ciclo do amor, do altruísmo” se fortalece com as nossas ações, ou seja, a partir da nossa capacidade de sempre estar dispostos a ajudar as pessoas que estão à nossa volta. E como diz o ditado popular: “fazendo o bem sem olhar a quem”. São os simples gestos, as simples atitudes, que fazem a diferença no mundo, não é verdade?

No entanto, concordar comigo pode ser fácil. Difícil mesmo, talvez seja, cada um olhar para si com honestidade, na busca de verificar se estamos agindo assim, isto é, se realmente estamos sendo capazes “cultivar o amor, o altruísmo” no mundo. E isso significa verificarmos, intimamente, se temos trabalhado não somente para o nosso bem estar, mas também para o do outro. Essa atitude é sinônimo de medir o grau de nossa sensibilidade, pois é ela que nos move quando precisamos auxiliar o nosso próximo.

Como temos visto, a pobreza aumentou, o número de moradores de ruas subiu assustadoramente, os preços dos alimentos nos preocupam mais a cada dia… Estamos em tempos em que os brasileiros vivenciam o aumento da pobreza, do medo, da ansiedade, do estresse e até mesmo da ausência total de comida em diversas famílias.

Vale então aqui refletir, com base na história trazida pela minha amiga, se nossas atitudes diárias estão contribuindo para a construção de um futuro mais justo e solidário ou se estamos apenas fechando os olhos e pensando “isso não é da minha conta!”.

Termino este texto respondendo: “é da nossa conta sim”. Afinal, se quisermos ser pessoas melhores a cada dia, é natural que auxiliemos os outros, sobretudo porque, quando precisarmos, seremos auxiliados também.

E… como vocês já sabem: “o bem que fazemos sempre retorna”!


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