Caderno Pedagógico da EJA

Analise da Silva¹

Nosso desafio foi o de produzir um Caderno Pedagógico da EJA na Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte com a temática de Gênero na EJA.

Logo no início de nossos encontros discutimos a relevância de que o resultado dessa construção não fosse uma produção em série, nem um material apostilados para serem usados em sala de aula pelos educandos e educandas da EJA e muito menos um recurso didático produzido por especialistas.

O que buscamos foi vencer o desafio de fazer uma produção amadora, porém séria, comprometida com a Pauta Nacional da EJA e que dialoga com as dimensões formadoras de jovens, adultos e idosos de Belo Horizonte. Além disso, procuramos trabalhar teoria e prática como elementos indissociados, contando com uma estrutura na qual as práticas sociais foram tomadas como pontos de partida para teorização e não como ilustração da teoria;

Este Caderno Pedagógico tem eixos estruturantes, a saber:

  • A experiência docentes e discentes como eixos articuladores da prática educativa, por serem mola propulsora da abordagem temática;

  • A imaginação sociológica como elemento constitutivo da escrita do material;

  • O direito como elemento indissociado de uma prática educativa emancipatória;

Dessa forma, este Caderno se divide em uma Apresentação e cinco Capítulos:

  • Gênero na EJA;

  • Gênero, Religiosidade e Laicidade na EJA;

  • Gênero e Diversidade Geracional na EJA;

  • Gênero e Diversidade Sexual na EJA;

  • Gênero e Educação para as Relações Etnico Raciais na EJA.

Por sua vez, cada Capítulo está dividido em quatro Seções, a saber: Causo; Perspectiva Teórico Metodológica; Relato de Experiência e Sequência Didática, sempre como possibilidades educativas decorrentes de problematizações suscitadas pelos causos lidos em perspectiva que os sistematizem em diálogo com as experiências vivenciadas por docentes da Rede.

Está disponibilizado online pelo site do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos: pesquisa e formação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (NEJA/FaE/UFMG)

Assim que assumimos essa empreitada, conversamos sobre o significado de falar de gênero na escola e concluímos que, ao fazê-lo, os docentes estarão cumprindo a função social da escola de não compactuar e de não permitir que o Art. 3º da Constituição em seu inciso IV seja descumprido, aopermitir que se impeça, de maneira irresponsável e cruel, que os direitos das pessoas LGBT, das mulheres vítimas de violência doméstica, das crianças vítimas de abuso sexual em casa, por membros da família, sejam assegurados, pois na escola de Educação Básica, inclusive na EJA, os e as profissionais podem detectar essas situações e acionar os órgãos competentes.

A cada encontro mais se fortaleceu a noção de que a proteção e a segurança dos e das educandos e educandas de nossa cidade será assegurada quando o poder público, monitorado pela sociedade civil, garantir que a educação ofertada seja democrática, popular, pública, gratuita, laica, inclusiva, de qualidade social se contrapondo a todas as formas de preconceito e que o profissional que a oferta seja valorizado.

Temos a esperança de que este Caderno possa contribuir na construção coletiva que anseia pela “reconversão cultural da escola em um projeto político-pedagógico fundamentado nos princípios emancipatórios da democratização política, social, econômica e cultural”. (GADOTTI, 2016)

Este Caderno, ao tratar das diversidades presentes na EJA e de seus sujeitos, busca alcançar o objetivo central que é o de pensar e propor algumas estratégias educativas que possibilitem a construção de um ambiente em que o(a) diferente não seja inferiorizado(a), não seja tratado(a) como perigoso(a), não seja tratado(a) como subalterno(a) e que, portanto, não tenha seus direitos negados.

Sim. Diversidade. Porque ela é a base da Constituição de nosso país e do reconhecimento que deve superar a Desigualdade.

Saúde, Paz e Vacina a todas as pessoas! Sigamos.

1 – Professora na FaE/UFMG, pesquisadora em Educação de Jovens, Adultos e Idosos


Imagem de destaque: NEJA / FaE / UFMG

 

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