APUBH: 45 anos de luta em defesa da educação pública

Bruno Francisco Melo Pereira
Aurélio Ferreira

Neste mês de novembro de 2022, nos dias 09 e 10, o APUBH comemorou seus 45 anos de existência, com o tema: “Entre passado e presente – rumo ao fortalecimento da categoria e da educação.” A escolha do tema expressa, com justiça e senso de coletividade, características tão importantes para o nascimento, manutenção e fortalecimento deste que é um órgão tão importante para a garantia de direitos de seus representados, composto por pessoas de competências múltiplas em todas as áreas do conhecimento acadêmico, mas também de vivências e habilidades complexas, determinados por desafios internos ao próprio sindicato; desafios locais, internos às universidades federais mineiras que representa; desafios locais, referentes aos municípios mineiros onde está presente (Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco); desafios nacionais e internacionais.

Trata-se de considerar que o APUBH surgiu há 45 anos e sua história só pode ser contada se considerarmos as pessoas que, de algum modo, lutaram e continuam em defesa de uma sociedade democrática, em defesa de uma educação com qualidade social, pública, gratuita, laica, inclusiva e transformadora.

Ao longo de sua história, da nossa história, enquanto docentes e servidores federais da Educação, o APUBH deu inúmeras mostras de que a defesa da democracia e do povo brasileiro só pode ser vencida se for enfrentada coletiva e ininterruptamente. A Educação, democracia, a liberdade e a justiça social nunca estão prontas. São ideias e ideais a serem visitados, elaborados e reelaborados a todo instante.

É nesse âmbito que se encontra o APUBH. Uma instituição que se encontra aberta, em construção, daí também seu destaque no cenário estadual e nacional. A expansão do APUBH em direção ao interior de Minas Gerais, segue o mesmo rumo do REUNI, lançado nos primeiros governos Lula e que garantiu a criação de novos campi em diversos municípios, tanto das universidades quanto dos institutos federais. Com a garantia de recursos, infraestrutura e a realização de concursos públicos, tivemos a organização e ampliação dos espaços acadêmicos. Natural que a representação sindical também se interiorizasse, após a implantação desses campi.

No município de Ouro Branco, por exemplo, o APUBH, por meio dos(as) servidores(as) da Universidade Federal de São João del Rei, Campus Ouro Branco e o Sinasefe-IFMG têm trabalhado em conjunto, principalmente desde o momento de radicalização da direita brasileira, a partir do golpe jurídico-militar de 2016, que contou com o apoio de parte do grupo político.

Desde aquele momento o APUBH e o Sinasefe-IFMG organizaram juntos, na cidade de Ouro Branco, ocupações e resistência aos ataques à democracia. A sinergia das ações sindicais teve que ser ainda mais robusta, quando a reforma trabalhista atacou o financiamento dos sindicatos, com a alteração do artigo 579 da CLT. O golpe acertou em cheio as organizações trabalhistas.

Desde 2016 as lutas foram muitas; os ataques foram contínuos, o que exigiu criatividade e união de forças. Tem sido necessário lutar em defesa da nossa própria sobrevivência como categorias de trabalhadores e pela estabilidade financeira dos sindicatos. Essa luta se deu nas organizações sociais, nas assembleias, nas salas de aula e nas ruas do estado. Contra crimes ambientais, como os rompimentos das barragens de rejeitos em Mariana e Brumadinho, que levaram vários pesquisadores e professores para o centro das tragédias, com diversas ações, com apoio do APUBH.

Ao longo de 2019, no movimento que ficou conhecido como Tsunami da Educação, diversos sindicatos vinculados à educação se organizaram, tanto na capital quanto no interior do estado, marchas foram conduzidas, barracas com a divulgação dos desmandos do governo federal, panfletagem, articulações de resistência foram realizadas em todo o estado, exposições de experimentos científicos, projetos de extensão, palestras nas praças, com objetivo de mostrar um pouco do trabalho e dos resultados das pesquisas e ações. Naquele momento houve a participação massiva também de representações estudantis como: UNE, UEE, UBES, Fenet, Anpg, DCE’s, DA’s, CA’s e tantas outras instituições em defesa da Educação, Ciência e Tecnologia em todo o Estado.

O APUBH também esteve junto ao Sinasefe-IFMG, em defesa das escolas rurais no município de Ouro Branco, mobilizando a população e a Câmara de Vereadores do município, quando a Prefeitura pretendia fechar tais escolas e transferir estudantes e professores para a cidade.

É necessário destacar a importância da atuação sindical na formação de lideranças políticas. Não somente para relembrar que o maior presidente de nossa história nasceu em um coletivo sindical, mas que vários representantes no legislativo passaram também pelos sindicatos e se formaram politicamente nesse movimento. Daí também a necessidade da consolidação do conhecimento gestado no seio de cada sindicato e instituições representativas dos trabalhadores e trabalhadoras da Educação tendo em vista, inclusive, os novos desafios da comunicação e interação com os diversos coletivos.

Segundo Latour (2012), coletivos se formam a partir de suas ações. A nenhum grupo está garantida a existência permanente e a influência na sociedade à sua volta. Somente pela AÇÃO os grupos existem, como agentes políticos que podem interferir na sociedade. Rogo para que o APUBH continue aglutinando actantes para além do seu espaço estatutário.

Sigamos juntos, entendendo a circularidade da política e a constância da luta. Aos trabalhadores nada é dado, tudo deve ser conquistado. Parabéns ao APUBH! Continue sendo referência nas ações políticas no estado de Minas Gerais, envolvendo os demais coletivos na boa luta em defesa da Educação, da verdadeira democracia, da liberdade e da inclusão social.

 

Sobre os autores
Bruno Francisco Melo Pereira é Professor do IFMG, sindicalizado ao Sinasefe-IFMG – bruno.pereira@ifmg.edu.br

Aurélio Ferreira é Professor do IFMG, sindicalizado ao Sinasefe-IFMG – aurelio.ferreira@ifmg.edu.br


Imagem de destaque: APUBH

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