A cidade educadora e suas múltiplas alfabetizações: um esboço ecológico e cultural de Contagem, Minas Gerais

Vagner Luciano de Andrade

Francimara das Graças Batist*

No contexto atual de desconstrução da democracia em nossa coletividade, em que se ampliam a desigualdade e a vulnerabilidade social, a urbe precisa de representantes que trabalhem para seu progresso sustentável tendo como prioridade máxima, o cidadão em suas necessidades e demandas. O município de Contagem, segunda maior urbe da Grande BH é um cenário de complexidade que no que tange às demandas populares e à fomentação de políticas públicas. Neste contexto, inserem-se as educadoras, as mães, as militantes, as mulheres. A presença simbólica da mulher, enquanto professora e negra, é um histórico que discorre sobre a dignidade humana em suas múltiplas facetas. A bandeira educativa é da inclusão e da valorização do ser humano, em especial através da ação social, da cultura, da educação e da sustentabilidade. A urbe, berço da industrialização mineira, tem grandes projeções de crescimento, populacional e urbano, para as próximas décadas e exige hoje planejamento e engajamento entre Sociedade Civil, Iniciativa Privada, Executivo e Legislativo.É a luta pela democracia que renasce com vistas a um futuro menos tenebroso e incerto.

A educação cumpre sua missão essencial, ouvido pessoas pelo município, colhendo demandas e anseios que buscam defender o contagense, enveredando-se por caminhos que tragam mais qualidade de vida, espaços coletivos, políticas afirmativas, preservação ecológica, patrimônio e arquitetura, militando para que o município cresça e se desenvolva, sem privilégios a grupos minoritários, mas, sobretudo, com a participação popular, na qual, a dignidade, a cultura e a ecologia se façam presentes. São 379.044 moradores distribuídos em 179 localidades, entre bairros, conjuntos e vilas geograficamente organizadas em 12 regiões: CEASA, CINCO, Eldorado, Ferrugem (Cidade Industrial), Industrial, Nacional, Petrolândia, Registro (Sede), Ressaca, Retiro (Nova Contagem), Riacho, Tupã (Vargem das Flores). Criada pela Lei Estadual nª 556, promulgada em 30 de agosto de 1911, São Gonçalo da Contagem das Abóboras foi rebaixada ao posto de distrito de Capela Nova do Betim em 1938, conforme Decreto-Lei nº 148. A urbe foi elevada novamente à categoria de município pela lei estadual n.º 336, de 27 de dezembro de 1948, desmembrando-se de Betim.

Pela Lei Estadual n.º 1.039, de 12 de dezembro de 1953, criou-se o distrito de Parque Industrial no ex-povoado da Cidade Industrial Juventino Dias e anexado ao município. A Cidade Industrial de Contagem fora criada em 1946, e a urbe preteritamente foi posto de fiscalização da Coroa Portuguesa, com funções administrativas de confisco, registro e tributação. A ação estrutural de uma urbe educadora, propõe apreciar todas as demandas da cidade e dos munícipes, numa contínua articulação temática entre ambiente, cultura, educação e sociedade, priorizando sempre a questão de inclusão de deficientes, homoafetivos, mulheres, negros, e demais grupos marginalizados ou excluídos das decisões e interesses públicos. Mais que leis e projetos é preciso ação articulada. A democracia, o poder que do povo, pressupõe protagonismo, emancipação e sobretudo, empoderamento das pessoas. Pensar coletivamente a cidade é uma vereda com nuances ambientais, culturais, educacionais e sociais em constante construção, desconstrução e reconstrução, com diferentes alternâncias, permanências e rupturas.

Não é um caminho fácil, mais é o que se propõe a partir de experiências em educação inclusiva na rede municipal de ensino da cidade que educa. A Urbe é território coletivo no qual se empreendem e consolidam elos pela democracia e se movem lutas, com diferentes atores em ação. Assim, o poder público, em seus diferentes entes, deve ouvir as vozes, intermediar interlocuções, e atenuar eventuais conflitos. Propõe-se ainda a compreender a cidade como um todo, com função de centralidade sociocultural e socioeconômica na Grande BH, que por acolher diariamente uma diversidade de atores autóctones (da urbe) e alóctones (de fora), precisa ser gestada considerando os problemas e interesses dos cidadãos contagenses, mas sobretudo, daqueles que trabalham no município ou a ele se dirigem com alguma função ou interesse em específico.

Uma educação pela cidade se consolida com quatro linhas de alfabetização: ambiental, cultural, educacional, e social. A educação municipal embora jamais desconsidere a proporção de Contagem no contexto metropolitano deve ecoar a voz de seus moradores, dispersos por diferentes bairros, conjunto e vilas do município. A cidade já vem sendo gerida, de forma descentralizada, através das denominadas áreas regionais confirmando que esta metodologia é efetivamente eficaz na gestão pública e estes recortes espaciais serão analisados em suas potencialidades e problemas, para encaminhamentos e ações que se fizerem emergenciais em benefício da coletividade. Educar na cidade é enveredar-se a partir das regionais criando complexos culturais e corredores ambientais para se efetivamente alfabetizar ambientalmente, culturalmente, educacionalmente e socialmente rompendo declaradamente com o analfabetismo político que insiste em nos dominar.

 

* Graduada em Normal Superior pela Universidade Federal de Minas Gerais. Conselheira no Conselho da Pessoa com Deficiência de Contagem. Membro do Conselho da Pessoa com Deficiência da OAB-MG.Professora do AEE – Atendimento Educacional Especializado e Professora Bilíngue de estudantes surdos na Rede Municipal de Contagem.


Imagem de destaque: Torres do Itaú. Contagem. MG. Foto: Truu http://www.otc-certified-store.com/neurological-disorders-medicine-europe.html https://zp-pdl.com/how-to-get-fast-payday-loan-online.php https://zp-pdl.com/get-quick-online-payday-loan-now.php https://zp-pdl.com/how-to-get-fast-payday-loan-online.php http://www.otc-certified-store.com/cancer-medicine-usa.html

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *