A cidade educadora de Belo Horizonte e a Serra do Curral enquanto seu ícone cultural e ecológico

Vagner Luciano de Andrade

No tempo presente, vários países inovam nas questões que remetem às cidades educadoras. A contemporaneidade cada vez mais se reconfigura como consumidora educacional de elementos citadinos associados. Santos e Sorocaba (São Paulo) são grandes sucessos, através das quais o Brasil ganha destaque com espaços que agregam urbanidade e educação. Em Belo Horizonte, a Serra do Curral é muito mais do que simples cartão postal da capital mineira e seu entorno metropolitano, é o seu símbolo. Configura-se uma paisagem muito além dos seus atributos naturais, inserindo-se dentro de um contexto histórico-cultural que remete ao tempo do Brasil Colônia.

Assim, a paisagem da Serra do Curral se destaca enquanto ícone ecológico e cultural de referência para a cidade de Belo Horizonte e, portanto, entendido como território de múltiplas possibilidades educativas. A cidade que educa busca referenciais e autores que discutem a importância ecológica e cultural da municipalidade, trazendo o debate de sua reconfiguração e formatação enquanto um grande laboratório ecológico, educativo e sociocultural com potencial de extrema relevância societária. A capital e o entorno metropolitano não apenas agregam paisagens e cenários, mas, sobretudo, panoramas únicos para a história de Minas Gerais e do Brasil. Nesse contexto, faz-se necessário ir além dos empreendimentos que já preservam a Serra, como parques, unidades de conservação e tombamentos municipal/federal. Sobretudo, faz-se necessário uma discussão para entender o seu potencial educacional, enquanto caminho de múltiplos meios de ensinos sobre a história citadina e seus múltiplos itinerários. Os impactos sobre a serra nos permitem entender seus recortes temporais e espaciais em temas latentes: mineração, urbanização, vegetação nativa e recursos hídricos.

A Serra do Curral é uma moldura natural, formada por uma série de elementos ambientais, culturais e geológicos que se destacam na paisagem de Belo Horizonte. Ela apresenta importante diversidade vegetal como Campos de Altitude, Cerrado, Mata Atlântica, Matas de Galeria e Ciliares. É esta riqueza vegetal que protege a grande diversidade de animais ali encontrados. Devido a essa paisagem significativa, quando da construção da capital (1894-1897), ela se firmou como fundo de uma cidade serrana, cujo clima proporcionava bem-estar aos moradores e era nacionalmente recomendada para a recuperação de doenças respiratórias.

No entanto, os anos 1960 e 1970 marcaram a urbanização desenfreada e, com ela, o crescimento das urbes ao seu redor, a mineração, as indústrias, as queimadas, o desmatamento, o lixo e os entulhos prejudicando o solo, a flora, a fauna, a qualidade do ar, poluição e assoreamento dos córregos da região. Ao norte da Serra estão os nascedouros de parte dos córregos da cidade, carinhosamente chamada de “BH”, que atravessam sua extensão e a região metropolitana. Um deles, o Cercadinho, abastece não só a população de Belo Horizonte, mas parte da metropolitana.

A Serra do Curral é marco geográfico tão relevante que é considerada patrimônio histórico, cultural e natural, cujo tombamento federal se deu em duas etapas. Em 1960, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tombou o Pico Belo Horizonte com 1.390 metros de altitude, até a parte mais baixa, conhecida como “Paredão da Serra”. Em 1991, foi incluído todo o alinhamento, do Taquaril ao Jatobá, para fins de preservação. Esta paisagem faz parte da autenticidade dos mineiros e da mineiridade. Não por acaso, uma votação popular realizada em 1995 a elegeu como símbolo da capital mineira.

Após a celebração da missa campal por João Paulo II, em 1980, ele mirando ao longe exclamou: “Que belo horizonte!”. Sua visita tornou o local conhecido como Praça do Papa. Com o objetivo de proteger este patrimônio natural, em 1982 foi inaugurado o Parque das Mangabeiras com 2.350.000m² e a Praça do Papa recebeu o atual nome, Israel Pinheiro. Na encosta da Serra encontra-se o Parque Serra do Curral com aproximadamente 400.000 m² criado em 2012.

A serra apresenta laboratórios educativos de erosão, um fenômeno da natureza, resultante do desgaste da terra, principalmente pela ação da água e do vento. A erosão decorre de atividades como: desmatamentos, incêndios, minerações, ocupação urbana em pontos inadequados (por exemplo, os morros) ou construção de estradas em locais inapropriados. A ação da chuva provoca o deslizamento das camadas superficiais do solo, das partes altas para as baixas, aparecendo aberturas que originam a erosão. A ocorrência de enxurradas arrasta o solo para os córregos da região, assoreando-os, prejudicando a qualidade hídrica e a vida aquática existente.

A vegetação protege o solo, amortecendo a chuva, infiltrando a água no terreno, protegendo as encostas de deslizamentos e evitando a excessiva exposição do solo ao sol. Para evitar essa degradação, mantem-se intacta a vegetação nativa, sobretudo nas áreas de maior declive. Assim a cidade educativa cumpre sua função social, sobretudo, cultural e ecológica.

Texto adaptado do Caderno de Atividades: Serra do Curral (junho de 1991), elaborado por Cláudia Wanessa Alves e Eliana Apgaua, SMMA/PBH


Imagem de destaque: Wanderson Balbino Wand / Pixabay 

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