Professores “Estrelas” ou Constelação”?

Paulo Henrique de Souza

O talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe ganha campeonatos.

Michael Jordan

AVALIAÇÃO DE PROFESSORES

A vaidade faz parte do mundo acadêmico e, para muitos, trabalhar em equipe é um desafio. Muitos professores e professoras não aceitam mudar suas práticas e interagir: “se acham”. Isso é fruto de um grau de especialização disciplinar herdado de um mundo acadêmico universitário competitivo. Não ouvir os colegas e a equipe técnica pedagógica sobre metodologias, estratégias e didáticas é comum para os “professores estrelas”. Afinal, querem brilhar, mas sozinhos!

Quem perde com os “professores estrelas” são os estudantes, que não desfrutam de projetos interdisciplinares, desenvolvedores naturais de aprendizagem significativa e colaborativa, tendências vitais da educação no século 21. Neste contexto, o papel do gestor escolar é imprescindível. Ele deve fomentar ciclos de revitalização da consciência coletiva do trabalho educacional. 

O mercado e os sistemas públicos procuram cada vez mais quem sabe trabalhar em equipe. Essa capacidade é bastante benéfica para o ambiente educativo, pois permite que as tarefas sejam cumpridas com mais rapidez e eficiência, além de estimular o aprimoramento das habilidades de cada professor, e sobretudo dos educandos.

Um consistente avanço para a educação corporativa e para o clima organizacional das instituições de ensino é a formação de competências comportamentais voltadas para o espírito de equipe. Só com foco em ambiente colaborativo é possível a geração de projetos interdisciplinares e avaliações transdisciplinares. É necessária a mutação dos “professores estrelas” em “professores da constelação”.

O clima escolar melhora quando todos resolvem ficar focados na substituição do individualismo em inteligência coletiva. Afinal, só com um planejamento estratégico de formações continuadas, garantindo através de calendário e remuneração a presença dos educadores, a educação pode avançar. Esses momentos necessitam garantir o diálogo sistêmico da equipe, com foco no processo de aprendizagem significativa e colaborativa.

As pautas das formações continuadas precisam alinhar ações efetivas para as turmas, após um diagnóstico preciso das demandas emergentes. Normalmente, na maioria das escolas, as equipes encontram-se plenamente somente para Conselhos de Classe, onde são desenhados mapas de salas para inibir a indisciplina. A interação da equipe agrega valor aos serviços e gera confiança no imaginário dos estudantes. 

Educar o aluno para a vida (não mera transmissão de conhecimento) é essencial  para a construção da cidadania para gerar resultados tangíveis e intangíveis, como não acreditar em “fake news” e em discursos políticos que fazem performance para redes sociais em detrimento de projetos para a população, sobretudo a mais desfavorecida.

As escolas brasileiras precisam criar momentos de interação dos professores e professoras para a discussão em torno de projetos sobre inteligências múltiplas e sinergia com as novas tecnologias. Nestes momentos, os educadores devem contribuir com seus conhecimentos, competências e habilidades, focando na tríade: pessoas – projetos – processos. Em muitas instituições atualmente, as escolas de famílias e o café com a gestão tem aproximando líderes e professores da comunidade educativa.

Quando falta o encontro, os professores se isolam em sua prática, dando à escola um formato fabril taylorista; ao currículo uma “grade” disciplinar; e as relações/comportamentos uma frieza que não ajuda em nada. No século 21, após a pandemia, a grande demanda é a socialização que vai além do contato meramente virtual. Quem educa pessoas precisa encontrar presencialmente com as pessoas que convivem na mesma ambiência.

Muitos não gostam de dizer isso, mas o meio acadêmico é repleto de vaidades, e no universo da escola não adianta alguns professores brilharem isoladamente. O importante é que o gestor seja um facilitador da criação de uma sistemática que consiga gerar “educadores constelação”. Para isso, o Projeto Político Pedagógico da instituição deve garantir o foco na jornada de formação continuada. Trata-se de uma jornada das estrelas rumo à excelência acadêmica no universo escolar da educação básica. Feito isso, os indicadores internos e externos de avaliação melhoram e o clima organizacional torna-se vibrante.

Portanto, saber administrar os conflitos é uma tarefa muito importante do gestor educacional que fomenta a constelação. Alguns procedimentos interessantes para gerenciar conflitos são:

  • Se colocar no lugar do outro com liderança empática;
  • Ouvir todos os diferentes pontos de vistas dos envolvidos;
  • Ser racional ao negociar com os mesmos;
  • Ter autocontrole;
  • Estimular o diálogo entre as partes.

Uma gestão eficiente, torna as escolas eficazes e brilhantes prima por:

  • Praticar o reconhecimento e enfatizar as qualidades de cada educador  e como eles foram parte importante para o alcance dos objetivos;
  • Ouvir as sugestões dos profissionais da escola e assim, fazer com que se sintam parte da organização dos processos;
  • Promover flexibilidade quanto a produção e entrega de projetos e processos.

Os educadores constelações devem:

  • Definir prazos, metas e objetivos, para que então, o profissional crie uma rotina de trabalho e exerça as atividades de acordo com o seu ritmo;
  • Buscar capacitação contínua, dessa forma, a equipe será capaz de atingir resultados extraordinários dentro de uma realidade ordinária;
  • Mapear as competências, através dessa ação – o educador consegue realizar as tarefas de acordo com as suas habilidades.
  • Implementar metas individuais e coletivas com seus estudantes e pares, assim o educador se mantém motivado e é motivado quando pensa em desanimar.

A equipe gestora educacional deve conter os impulsos dos “professores estrelas” convidando-os sempre a refletir sobre suas atitudes perguntando se as mesmas auxiliam a:

  • Melhorar a comunicação entre todos da equipe;
  • Maximizar a confiança e segurança dos professores, educadores e colaboradores, fazendo com que eles cumpram com os objetivos traçados;
  • Gerar autoestima e entusiasmo permitindo que eles alcancem melhores resultados em suas carreiras, tanto em grupo quanto de forma individual;
  • Quebrar crenças limitantes e gerar mudança de comportamentos;
  • Eliminar a cultura do “deixar para depois” (procrastinação);
  • Aumentar o foco dos profissionais na socialização de projetos;
  • Reconhecer e promover o senso de pertencimento.

O professor pode ser estrela, mas deve lembrar-se de não ser uma “estrela solitária”, mas de brilhar com o conjunto. Assim, a escola cria indicadores saudáveis e garante a satisfação do time de educadores e da comunidade educativa.

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