Supremacia do branco, do masculino e do deus da morte

Analise da Silva 

O uso da religião para atrair votos é uma das principais estratégias do ex-presidente da morte desde a campanha de 2018. É uma prática, frequentemente utilizada por populistas, que consiste, basicamente, em construir uma narrativa de “bem contra o mal”, sendo bem o que eles defendem e o mal o que precisa ser destruído.

Quando em fevereiro deste ano, em um ato na Av Paulista, a ex-primeira dama da morte (inclusive de carpas) afirmou que “o Brasil é do Senhor” e que o povo defende valores cristãos numa explícita defesa da supremacia cristã, ela convocou o povo para uma cruzada contra o Estado laico, se ofereceu como candidata para 2026 e expôs um projeto de dominação pela religião, na minha avaliação. 

Quando ela disse “Por um bom tempo fomos negligentes ao ponto de falarmos que não poderia misturar política com religião, e o mal ocupou o espaço. Chegou o momento da libertação. Eu creio em um Deus todo poderoso capaz de restaurar e curar nossa nação”, comentei em casa e com alguns dos meus amores que ela estava atiçando as bestas-feras da morte em cada Câmara, Assembleia e no Congresso.

Não admira que retrocessos como este sejam aprovados em menos de CINCO SEGUNDOS, como foi. 

Isso mesmo. A Câmara dos Deputados aprovou caráter de urgência para um PL (1.904/2024) que equipara o aborto ao homicídio simples, aumentando a pena para quem realizar o procedimento após 22 semanas de gestação = 4 meses de gravidez, em CINCO SEGUNDOS. O projeto ainda prevê que mesmo os casos permitidos por lei (anencefalia fetal, ou seja, má formação do cérebro do feto; gravidez que coloca em risco a vida da gestante; gravidez que resulta de estupro) não será permitido após o período de 22 semanas.

Embora a votação popular no site da Câmara dos Deputados tenha apontado que 70% das pessoas votantes discordem totalmente do Projeto de Lei que equipara aborto ao homicídio. Este mesmo PL diz que a mulher estuprada que quiser abortar pode pegar até 22 anos de cadeia, embora a pena máxima para o estuprador seja de, no máximo 15 anos, com todos os agravantes. 

Agravante é o caso de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal. E aqui estão crianças, adolescentes e jovens negras, pobres, abusadas em casa, estudantes conosco desde a Educação Infantil, candidatas à prisão se mais esse “empalamento”, mais essa “inquisição”, mais esse PL for aprovado… em nome do deus que extermina quem pensa diferente. 

Supremacia significa superioridade absoluta; superioridade sobre todas as outras pessoas ou coisas; poder ou autoridade suprema. É supremacia cristã que estão implementando. É uma ameaça à laicidade do Estado. É uma tentativa de impor valores da religião a toda a nação por meio de PLs aos poucos, até destruir social, cultural e fisicamente toda diferença.

Não podemos permitir que o chamado da ex-primeira dama da morte encontre eco junto às pessoas com as quais convivemos.

Bora espalhar a palavra: O Estado Brasileiro é laico!

3 comentários em “Supremacia do branco, do masculino e do deus da morte”

  1. FELICIANA ALVES DO VALE SALDANHA

    Tempos nefastos estamos vivendo. É preciso que nós do “lado de cá” estejamos cada vez mais atentos e fortes para nos indignar, rebelar, gritar, espernear, colocar o pé na parede todas as vezes que esta turba de eugenistas, nazi-fascistas se colocar de forma tão deslavada contra os direitos das crianças, dos adolescentes, jovens, idosos, população negra e LGBTQIA+, negra. Contra toda forma de opressão…

  2. O Brasil precisa ser de todos para depois ser de Deus. Quando isto acontecer estaremos seguindo os ensinamentos de Cristo.
    Fora Lira e seus comparsas

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