Ginástica cerebral tem nome: desafio!

Jacqueline Caixeta

Muitas pessoas passam horas do seu dia em uma academia, malhando os músculos. Muitos pais colocam seus filhos em escolinhas de esportes, dança, luta, natação, em busca de fortalecer os músculos, proporcionar maior habilidade motora e destreza em seus movimentos. Isso tudo é muito bom e bastante válido. E o corpo vai, a todo momento, crescendo com saúde. 

E o cérebro? Alguém já parou para pensar nas diversas atividades que existem para se “malhar” o cérebro?

Vocês sabiam que na primeira infância é onde o cérebro mais se desenvolve? Onde sua elasticidade é incrível?

E eu pergunto: o que temos feito para que nossas crianças possam “malhar” o cérebro?

Muitas possibilidades existem, e precisamos estar atentos para que possam ser proporcionadas às nossas crianças nessa primeira infância. Vamos começar pelo bebê. Sabem aquele desafio de deixar o bebê rolar sozinho, levantar seu pescoço, balbuciar, isso tudo é muito difícil para a criança, no entanto, é extremamente necessário para que ela possa fortalecer seus músculos e seu cérebro também. A cada tentativa de movimento motor, tem um esforço tremendo de um cérebro em busca de alternativas para se conseguir levantar, rolar, etc. O pensar, desde a fase bem pequena, é uma atividade cerebral de extrema importância. Infelizmente, muitos pais, preocupados com o esforço da criança, buscam estratégias para facilitar essas conquistas. Nada disso! Não facilitem nada para esses pequenos seres. Eles precisam enfrentar esses desafios e “acordar” o cérebro em um exercício diário.

Entregar um tablet para uma criança pequena assistir desenhos enquanto os adultos trabalham ou se divertem sossegados não passa de uma atividade simples que vai atender a demandas de pequenos estímulos. O ideal é criar condições para que essa criança se depare com desafios. Só enfrentando algum tipo de dificuldade é que este cérebro vai entrar em “malhação” e se fortalecer.

Para malhar o cérebro, por exemplo, nada melhor do que a escrita. Em tempos tão avançados, em que muitos dizem não ter importância a escrita cursiva, pois o teclado está aí para salvar qualquer um, insisto na boa e velha atividade da letra cursiva. A criança, ao aprender o desenho da letra, algo extremamente difícil quando se tem cinco, seis anos, pois conta com um amadurecimento neural imenso, está fazendo muita ginástica cerebral. O desenvolvimento do cérebro, no ato da escrita, é tão intenso que a neurociência já começa um trabalho de incentivar o uso da letra cursiva nas escolas. Ao escrever, o cérebro precisa trabalhar bastante, pois movimentos motores finos e coordenados, são estímulos acessos constantes para o desenvolvimento e conexões cerebrais.

O pensar, atividade exclusiva dos humanos, não é um ato simples, pelo menos quando se cria condições de conflitos cognitivos. Para estimular o cérebro infantil, é preciso cutucar bastante esse pensar. Uma atividade incrível, que percebo claramente a “malhação do cérebro”, é a pseudoleitura. Colocar um livro nas mãos de uma criança que não sabe ler e estimulá-la a “contar” a história através da leitura plástica, é uma ginástica e tanto para o cérebro. Ao ler uma história, a criança vai colocando elementos que visualiza no texto plástico junto com seu conhecimento de mundo, misturado com suas emoções e percepções. Ufa, quanto movimento esse cérebro precisa fazer para uma simples atividade. Muitos contam histórias para as crianças  lendo os livros, e isso é bacana também, mas tentem colocar esse livro nas mãos da criança e pedir que “leia e conte a história”, vão se surpreender e ainda estarão colaborando para a ginástica cerebral.

Se é na primeira infância que mais se aprende, que o cérebro está ali, prontinho para brotar tudo que se semeia, porque facilitar se sabemos que os desafios é que vão promover o esforço, a ginástica para esse cérebro ficar bem malhado?

Muitas atividades colaboram para a malhação do cérebro, e isso não é só importante na primeira infância. Em todas as fases da vida há de se pensar em desenvolver o cérebro e desafiá-lo a esticar, crescer, se movimentar. O constante exercício do pensar deve ser carregado de questões dialéticas e desafiadoras. Vamos malhar bastante nosso cérebro e estimular nossos alunos a fazerem o mesmo. Desafio é e sempre será a chave para abrir essa academia.

Com afeto,

Jacqueline Caixeta

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