Vida de Samara, dentro e fora da Escola

Samara Silvério da Silva¹ 

Quando tinha cinco anos, e estava na escola Arco-íris onde fiz a pré-escola, minha primeira professora se chamava Andréia. Eu a admirava tanto, talvez, porque por meio dela eu conheci as letrinhas e já escrevia algumas palavras. No ano de 2001, iniciei a primeira série do ensino fundamental. Naquela época, ainda era denominada série. Por meio da Lei 11.274/2006, a redação dos artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, foi alterada e foram dispostos a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Foi mudada também a nomenclatura, de série para ano. No final do ano letivo minha mãe resolveu me transferir de escola e, em 2002, comecei a segunda série na Escola Municipal Arthur Bernardes. Fiquei nesta instituição até outubro do ano de 2003, quando eu já estava na terceira série. 

Em outubro, nos mudamos para Balneário Camboriú. Finalizei a terceira série nesta cidade, no Colégio Municipal Ariribá. Tive muitas dificuldades no desempenho escolar: primeiro, o ensino era mais forte do que eu havia aprendido no Paraná e, em segundo, pelo fato da mudança. Consegui finalizar o ano, mas com muito estudo para conseguir alcançar o nível da turma. Fui aprovada e em 2004 iniciei a quarta série. Achávamos que seria um ano tranquilo. Eu participava das aulas extracurriculares de dança, o que me deixava muito feliz. Desde pequena, fui envolvida em eventos e aulas relacionadas à atividade física e artística. Após as férias de julho, tivemos uma troca de professora regente; isto fez com que a nossa turma tivesse aulas aos sábados para conseguir recuperar as matérias que a professora anterior, por algum motivo, não passava. 

Ao final de 2004, nos mudamos para Camboriú. Como foi um ano agitado, continuei os estudos no Ariribá. Recordo que acordava às 5h e após a aula ficava na casa de uma tia até meu pai finalizar o seu expediente e poder me buscar. Consegui passar de série e este foi meu último ano nesta escola. Em 2005, comecei os estudos em Camboriú, na Escola Básica Estadual Professor José Arantes, e foi difícil a adaptação por esta ser uma escola maior e longe de minha casa. Finalizei com sucesso o ano escolar. Em 2006, foi inaugurada uma escola muito próxima da minha casa: a Escola Municipal Ivone Terezinha Garcia. Nela, participei da primeira turma de sexta série e fiquei até encerrar o ensino fundamental. Como já mencionado, no decorrer desses anos houve a mudança na educação com aplicação da Lei nº 11.274, porém fiz apenas o 8° ano conforme a diretriz institucional. 

Em 2010, retornei para a EEB Prof° José Arantes para a realização do ensino médio. No primeiro ano do ensino médio aconteceu uma nova fase de adaptação e superação, pois fiquei em exame final. Em 2011, iniciei o segundo ano do Ensino Médio e depois fui para o último ano: cheio de expectativas, frustrações e realizações! Após encerrar o Ensino Médio, realizei curso Técnico de Web Design no antigo Colégio Agrícola através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Como sempre fui muito comunicativa neste curso, gostava de apresentar os trabalhos, achava que iria fazer Publicidade e Propaganda. Também realizei o vestibular da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (ACAFE) e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porém sem sucesso. 

A vida continuou. Realizei a formatura do Ensino Médio e consegui entrar na tão sonhada universidade. Iniciei na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), no curso de Design Gráfico. Em 2013, comecei a trabalhar no Colégio Unificado como auxiliar de coordenação. Já não me identificava com o curso de Design Gráfico; acabava triste ao realizar as aulas e foi então que, em 2014, decidi trancar a matrícula para poder trabalhar, até aparecer um curso com o qual me identificasse. Comecei a trabalhar como babá e no período da tarde continuei no Colégio Unificado. Graças ao bom trabalho realizado na instituição surgiu uma boa proposta para o cargo de auxiliar de secretaria. Foi então que deixei a função de babá para ficar o dia inteiro em um só trabalho.

Após anos sem estudar, em 2017 iniciei o curso Técnico de Estética Facial; foi um curso que me encantou e ainda encanta. No começo do ano de 2018, me retirei do ambiente escolar e comecei a trabalhar em uma farmácia de manipulação. Não obtive sucesso profissional na área, o que me fez retornar para a educação. Em 2020, consegui uma vaga para o curso de Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal Catarinense, por meio de vagas remanescentes. Começamos o ano empolgados e felizes. Logo após o início das aulas, fui aprovada para realizar um estágio na instituição. Não imaginávamos que um vírus iria paralisar todo o mundo. Com a pandemia, nossas aulas presenciais se tornaram aulas remotas feitas por meio de encontros “online” síncronos e assíncronos. O tão esperado estágio tive que aguardar para iniciar. O ano 2020 nos trouxe muitos ensinamentos que levaremos para sempre.

A escola pública foi e ainda é a minha base escolar, através dela é que obtive todo o conhecimento estudantil e agora o profissional. Nesse período em que estamos vivendo podemos perceber o quão ela é importante para todos. Precisamos juntos valorizar e lutar por uma educação de qualidade. 

Camboriú, fevereiro de 2021.

1 – Nasci no ano de 1995. A minha história com a educação começa desde cedo, quando era bebê e precisava ficar na creche. Sempre estudei em escola pública e convivi por um tempo no espaço escolar enquanto minha mãe realizava sua função de merendeira. A pré-escola começou no ano 2000, um ano polêmico, quando muitos acreditavam que ocorreria o “final dos tempos”.

Texto escrito inicialmente como atividade avaliativa da disciplina História da Educação, do curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto Federal Catarinense – campus Camboriú, ministrada pela Profa. Dra. Marilândes Mól Ribeiro de Melo.


Imagem de destaque: projetoceeb / Flickr – Centro Educacional Eurípedes Barsanulfo

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