Anita nasceu numa prisão na Alemanha. Sua mãe estava presa. Seu pai também. Eram tempos sombrios. Pessoas eram incineradas por serem consideradas inferiores. Os nazistas não poupavam nem as crianças. Anita sobreviveu para contar a história da mãe, assassinada num campo de concentração, e do pai, um incansável militante comunista.
Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, os pais de Anita, tiveram suas vidas contadas na historiografia, na literatura e no cinema nacional.
Anita Prestes dedicou uma vida a procurar pelos pais. Foram anos de busca por fragmentos pesquisando arquivos, assumindo o papel de guardiã da memória dos pais e também, de pesquisadora. Por isso, algumas vezes se refere a eles na terceira pessoa e outras, como apenas “meu pai” e “minha mãe”.
Ela também dedicou toda a vida à causa comunista. Foi exilada, perseguida, festejada. Recordar eventos traumáticos não é tarefa fácil, e Anita Prestes enfrenta os próprios fantasmas na escrita de suas memórias.
Vermelha é a capa do livro. Porque sua vida foi pintada de vermelho quando ainda era uma criança. Era o sangue da mãe.
Vermelha é também a cor do partido e da causa que Anita Prestes defendeu ao longo da vida. O livro é repleto de fotografias, através das quais é possível perceber o lugar da avó e da tia paterna na formação intelectual de Anita, que adulta, torna-se professora de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Anita viveu para contar essa história. Ela não revela sua intimidade. Não fala de amores ou romances que viveu. Recorta esse aspecto de sua existência: a de intelectual engajada e militante. Afinal, a mensagem de Anita Prestes em seu livro de memórias é bastante pedagógica. Quando se nasce em tempos sombrios, “viver é tomar partido”.
Referências:
PRESTES, Anita Leocadia. Viver é tomar partido. Memórias. São Paulo: Boitempo, 2019.
Olga. Filme (ficção). Direção de Jayme Monjardim, 2004.
Imagem de destaque: Editora Boitempo / Reprodução