Belas fotografias em preto e branco são o abre-alas dos 6 capítulos que estruturam o importante e necessário livro Raymundo de Souza Dantas: o primeiro embaixador brasileiro negro (2021), de Fábio Koifman. Foi a partir da coincidência dos nomes que o pesquisador e autor do livro encontrou de forma recorrente Raymundo de Souza Dantas, o qual despertou seu interesse.
A partir da leitura do livro de Koifman, é possível saber que “Raymundo de Souza Dantas nasceu no dia 11 de janeiro de 1923, na pequena cidade sergipana de Estância, distante 66 quilômetros de Aracaju” (p. 31). Na autobiografia Um começo de vida, publicada em 1949 e que bem merece uma nova edição, Souza Dantas conta que era filho, neto e bisneto de analfabetos e que tendo enfrentando o racismo na escola, conseguiu se alfabetizar aos 18 anos. A vida não foi fácil para ele:
“Depois de ter sido aprendiz de ferreiro, Raymundo tentou aprender mercenária, foi pintor de paredes e entregador de embrulhos. Aos dezesseis anos, foi trabalhar no jornal da cidade natal, o A Estância. Ali auxiliava nos serviços gerais, na tipografia, na impressão e na distribuição dos jornais. Nesta fase da vida era vítima de sistemáticas agressões físicas por parte do seu patrão e dirigente do jornal, Alfredo Silva” (p. 33).
Migrou para o Rio de Janeiro em 1941, onde atuou como jornalista, funcionário público e escritor notável. Em 1961, sem pertencer a carreira diplomática, foi nomeado embaixador pelo presidente Jânio Quadros e representou o Brasil em missão na Embaixada brasileira em Gana. Mais uma vez, sentiu na pele a dureza do racismo à brasileira.
Passados 60 anos da nomeação do primeiro embaixador negro no Brasil, o que mudou? Quantos embaixadores negros vieram depois dele? A resposta negativa a esta pergunta só evidencia que o mito da democracia racial precisa ser destruído no Brasil…
Imagem de destaque: Literafro