Aprendizagem: provém das capacidades individuais ou dos aspectos ambientais? – Tiago Tristão Artero

Aprendizagem: provém das capacidades individuais ou dos aspectos ambientais? 

Tiago Tristão Artero

Comumentemente, deparamo-nos com alguns questionamentos acerca do que é a aprendizagem. Em uma visão simplista, podemos dividi-la em sistemática e assistemática. Sistemática, quando ocorre um ambiente em que o conhecimento é estruturado para tal; assistemática, quando se dá em outros momentos do dia, nas relações sociais, em casa, assistindo televisão, brincando, ou seja, em qualquer outra manifestação não-formal.

Neste contexto nos deparamos com alguns questionamentos:

A aprendizagem provém de capacidades individuais ou ambientais?

As dificuldades de aprendizagem têm origem nos genes ou nas relações estabelecidas e nos estímulos fornecidos pelo ambiente?

A criança ou jovem aprende quando joga vídeo game? E quando assiste televisão?

Para estimular os sentidos é melhor ir ao teatro ou ao cinema?

 Tanto por parte da família quanto por parte da sociedade, essas indagações existem e mesmo que, de fato, não influencie na decisão de qual a melhor rotina a ser seguida pelas crianças e jovens, devido à grande importância do tema, deveria.

De fato, o aprendizado é incessante, o trabalho do cérebro, conforme nos confirma Suzana Herculano, ocorre inclusive durante o sono.

 Como todo aprendizado é associativo, de acordo com os estudos de Iván Izquierdo, durante qualquer atividade diária há aprendizado, inclusive, e pasme-se, durante uma meditação. Seguindo esse princípio, entendemos que todo nosso sistema cogntivo está funcionando e durante todo o tempo, sobretudo quando estamos motivados a realizar determinada atividade. Inclusive, esse é o princípio da formação de uma alta habilidade… realizar uma atividade e repeti-la muitas vezes, dominá-la, alcançar um desempenho máximo com um máximo de vontade.

 O processo de aprendizagem faz parte de um todo e é influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos. Então, embora haja abordagens que indiquem as questões ambientais e a mediação como processo fundamental na aprendizagem, não há como descartar os fatores orgânicos a limite ou potencialize. Logo, considerar as influências pessoais, familiares e sociais, tanto nos aspectos positivos quanto negativos, é imprescindível.

Independentemente de acreditarmos ou não que há distúrbios de aprendizagem como dislexia, TDAH, transtornos de aprendizagem das mais variadas matizes, com certeza podemos afirmar que as crianças e jovens com baixo desempenho acadêmico estão presentes em sala de aula e, com sua carga orgânica, irão participar das aulas conforme suas possibilidades.

É válido cogitar que alguns alunos podem se adaptar à determinada forma de ensinar enquanto que outros não. É interessante destacar que, mesmo com baixo desempenho acadêmico, indivíduos demonstram habilidades diversas que não são avaliadas pelas instituições educativas, sobretudo quando são demonstradas em ambiente não formal, ou seja, por meio de um aprendizado não-sistemático.

 Anote-se que um indivíduo que apresenta uma habilidade a qual a escola não possui meios de avaliar, desenvolveu esta capacidade relacionando-se, buscando estratégias não-formais para resolver determinada situação e, finalmente, evoluiu em determinado tipo de conhecimento.

 As experiências positivas e a necessidade de adaptar-se à determinada situação impulsionam o ser humano à aprendizagem. É o que podemos observar quando analisamos nossa filogênese e a ontogênese de cada pessoa.

Por que, então, há aqueles que demonstram estagnação no processo de aprendizagem?

 Categoricamente, entre tantas possibilidades, sobretudo quando consideramos que cada ser é único, podemos cogitar a possibilidade de haver o sentimento de que matérias e conteúdos escolares não são determinantes à sobrevivência ou, por que não dizer, à geração de bem-estar e de prazer ao aprendente.

 Professores, pais, coordenadores pedagógicos, não podem ficar refém dos alunos e ministrar somente aquilo que dá prazer, mas, indubitavelmente, podemos concluir que só há a possibilidade de “construção”, de “criação” por parte do aluno, à medida que ele começa a dominar algum conhecimento.

Promover ganhos cognitivos que permita a partir do domínio de um conhecimento, de um conteúdo, criar, relacionar, associar e buscar novos níveis de aprendizado, são soluções que evitam o uso inadequado de psicofármacos.

 Sim, a criança aprende quando joga, aprende quando vai ao cinema, aprende quando vai ao teatro, desenvolve-se como ser social quando adquire conhecimento e sente-se impelida a crescer, a desvendar, sobretudo aquelas que recebem influência positiva da família.

 Em edições anteriores, comentamos que as metodologias empregadas na prática educacional, estando o(a) professor(a) consciente ou não de qual seja ela, influenciarão o processo de ensino-aprendizagem, seja ela repressora, tradicional, construtivista, sócio interacionista, entre outras.

Cabe às instituições educacionais e às famílias das respectivas crianças e jovens que frequentam essas instituições buscar mudanças efetivas na sociedade, buscando retirar o Brasil da lista dos piores países quando se fala em ensino.

 

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