SNCT- Ciência e Política

Um dos grandes desafios da comunidade acadêmica e científicabrasileira é a divulgação científica. Ainda que os estudos recentes demonstrem que aqui se faz um grande esforço de divulgação e que, ao contrário do que muito se fala, a população tem interesse pela ciência e por suas aplicações no dia-a-dia, há ainda um grande caminho a percorrer para tornarmos a divulgação da ciência uma prática corriqueira para as pesquisadores e os pesquisadores de todas as áreas do conhecimento.

Em que pese algumas instituições manterem canais e veículos de divulgação científica, esta é uma prática realizada, no Brasil, normalmente de maneira individual e altruística por parte das cientistas e dos cientistas. E, mesmo as instituições, salvo exceções, quase sempre estas estão na dependência de esforços individuais ou de pequenos grupos para mantê-las funcionando.

Num momento em que o próprio governo, por meio de canais estatais e paraestatais, mantém políticas sistemáticas de desinformação e obscurantistas, mais do que nunca se faz necessário sustentar práticas e instituições que atuem na direção contrária e primem pela clareza, correção e relevância das informações científicas que divulgam. Neste sentido, é preciso saudar a realização da 17ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que ocorre no período de 19 a 23 de outubro em todo o país.

A SNCT, assim como a Marcha Pelas Ciências e o Dia Nacional das Ciências (08 de julho), é um momento importante de divulgação científica e de ocupação dos espaços públicos, não apenas por instituições de ciência e tecnologia e o pessoal que nelas atua, mas também pelas próprias escolas de educação básica de todo o Brasil. É, sem dúvida, um momento em que a ciência e a política se encontram e são mobilizadas para construir alternativas para sairmos da difícil situação em que nos encontramos.

Quando o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, órgão de Estado que estabelece os temas da semana e financia uma pequena parte das ações que o a correm pelo país, divulgou a temática da SNCT 2020 – Inteligência Artificial: a nova fronteira da Ciência Brasileira – muitos viram nisso uma tentativa de deslocar o olhar da comunidade acadêmica e científica para um tema sem muita relevância na atualidade brasileira e sem a densidade política que marcaram os temas anteriores.

No entanto, se o intuito do MCTI era escolher um tema que contribuísse com o esvaziamento das discussões políticas que normalmente ocorrem em torno da SNCT, o seu objetivo malogrou. De norte a sul do país, as instituições e grupos de pesquisa os mais diversos, se apropriaram do tema da Inteligência Artificial e dirigiram seus olhares para os desafios políticos, sociais, econômico e ético que as ciências e as tecnologias trazem para o nosso cotidiano e mesmo para a sobrevivência da humanidade e de todas as espécies do planeta.

Longe de uma pura e simples celebração das ciências e do desenvolvimento tecnológico, as milhares de feiras, exposições, oficinas, mesas redondas e conferências programadas propõem uma aproximação crítica em relação aos temas propostos, e convocam outros atores, outros saberem e mostram outras tecnologias para o diálogo com aqueles e aquelas que habitam os nichos científicos. O certo é que, pelas programações das inúmeras Semanas de Ciência e Tecnologia que foram organizadas e estão ocorrendo em todo o país, mais do que nunca as ciências e a política continuam seencontrando e, de forma explícita, perspectivam novos rumos para o país.

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SNCT- Ciência e Política

Um dos grandes desafios da comunidade acadêmica e científica brasileira é a divulgação científica. Ainda que os estudos recentes demonstrem que aqui se faz um grande esforço de divulgação e que, ao contrário do que muito se fala, a população tem interesse pela ciência e por suas aplicações no dia-a-dia, há ainda um grande caminho a percorrer para tornarmos a divulgação da ciência uma prática corriqueira para as pesquisadores e os pesquisadores de todas as áreas do conhecimento.

Em que pese algumas instituições manterem canais e veículos de divulgação científica, esta é uma prática realizada, no Brasil, normalmente de maneira individual e altruística por parte das cientistas e dos cientistas. E, mesmo as instituições, salvo exceções, quase sempre estas estão na dependência de esforços individuais ou de pequenos grupos para mantê-las funcionando.

Num momento em que o próprio governo, por meio de canais estatais e paraestatais, mantém políticas sistemáticas de desinformação e obscurantistas, mais do que nunca se faz necessário sustentar práticas e instituições que atuem na direção contrária e primem pela clareza, correção e relevância das informações científicas que divulgam. Neste sentido, é preciso saudar a realização da 17ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que ocorre no período de 19 a 23 de outubro em todo o país.

A SNCT, assim como a Marcha Pelas Ciências e o Dia Nacional das Ciências (08 de julho), é um momento importante de divulgação científica e de ocupação dos espaços públicos, não apenas por instituições de ciência e tecnologia e o pessoal que nelas atua, mas também pelas próprias escolas de educação básica de todo o Brasil. É, sem dúvida, um momento em que a ciência e a política se encontram e são mobilizadas para construir alternativas para sairmos da difícil situação em que nos encontramos.

Quando o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, órgão de Estado que estabelece os temas da semana e financia uma pequena parte das ações que o a correm pelo país, divulgou a temática da SNCT 2020 – Inteligência Artificial: a nova fronteira da Ciência Brasileira – muitos viram nisso uma tentativa de deslocar o olhar da comunidade acadêmica e científica para um tema sem muita relevância na atualidade brasileira e sem a densidade política que marcaram os temas anteriores.

No entanto, se o intuito do MCTI era escolher um tema que contribuísse com o esvaziamento das discussões políticas que normalmente ocorrem em torno da SNCT, o seu objetivo malogrou. De norte a sul do país, as instituições e grupos de pesquisa os mais diversos, se apropriaram do tema da Inteligência Artificial e dirigiram seus olhares para os desafios políticos, sociais, econômico e ético que as ciências e as tecnologias trazem para o nosso cotidiano e mesmo para a sobrevivência da humanidade e de todas as espécies do planeta.

Longe de uma pura e simples celebração das ciências e do desenvolvimento tecnológico, as milhares de feiras, exposições, oficinas, mesas redondas e conferências programadas propõem uma aproximação crítica em relação aos temas propostos, e convocam outros atores, outros saberem e mostram outras tecnologias para o diálogo com aqueles e aquelas que habitam os nichos científicos. O certo é que, pelas programações das inúmeras Semanas de Ciência e Tecnologia que foram organizadas e estão ocorrendo em todo o país, mais do que nunca as ciências e a política continuam se encontrando e, de forma explícita, perspectivam novos rumos para o país.

 

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