Se não existisse o lucro…
A tecnologia se manifestaria em suas dimensões mais humanas.
Os carros urbanos seriam do tamanho exato da necessidade de seus passageiros.
O asfalto não seria fonte de geração de tantos problemas, dado que a permeabilidade e durabilidade estariam à frente do interesse das empreiteiras que se alimentam dos remendos.
Os veículos não correriam, porque as ruas acomodariam muitos, fazendo com que a mobilidade se desse em pouco tempo, mesmo não sendo em alta velocidade.
As pessoas não teriam mais seus órgãos vitais dilacerados em acidentes, pois a vida seria uma prioridade e o transporte público seria uma prova disto.
As casas teriam barro o suficiente para que o conforto térmico dispensasse grandes dispêndios de energia com ar condicionado ou aquecedor.
As roupas seriam feitas com material resistente e confortável e a indústria da moda não determinaria qual a tendência da estação, fazendo com que a calça jeans que gastou 10.000 L de água fosse dispensável.
Mente quem fala que fora do capitalismo não há diversidade, visto que a indústria cultural e o consumismo padronizam produtos, culturas e gostos pelo mundo afora, procurando gerar demandas similares, quando não, idênticas.
A alimentação não exigiria a complexidade da proteína da carne e a nutrição não seria um problema, já que todas e todos saberiam plantar em casa, nas calçadas, em canteiros por todos os lados, na mais alta diversidade.
No espaço urbano coexistiriam animais, agroflorestas e hortas urbanas e não haveria ninguém passando fome, nem mesmo com alimentação desequilibrada.
Trocar mudas, sementes e conhecimentos sobre a biodiversidade seriam coisas usuais.
Se não fosse o lucro…
A vida saudável alcançaria suas últimas consequências, pois os remédios seriam para curar e a alopatia seria uma última opção.
A depressão advinda de relações com interesse no poder e capital de outro e, também, de um trabalho desvinculado dos potenciais humanos não mais existiria e o envolvimento com a ação laboral superaria a ação de qualquer coach.
Ninguém trabalharia para ninguém, ao mesmo tempo em que todxs trabalhariam para todxs, havendo, assim, prazer na contribuição coletiva.
A escassez de recursos para a vida não seria um problema e as horas trabalhadas seriam reduzidas inúmeras vezes, porque o consumismo e o desperdício não imperariam como palavras de ordem – ou seja, não haveria restrição e abundância, mas, somente abundância.
Os crimes seriam brutalmente reduzidos, pois não haveria a necessidade de amealhar riqueza e todas e todos teriam acesso a uma vida digna e empolgante em cultura, ciência, artes e filosofia.
As ciências da saúde estariam intimamente vinculadas a processos cada vez mais humanos e, ao mesmo tempo, cada vez mais tecnológicos, fazendo com que a saúde de todas e todos estivesse atrelada à qualidade de vida.
Se o lucro fosse extinto…
As escolas seriam infinitamente mais ricas em saberes e práticas.
Seria encantador poder ter contato com tanta riqueza científica e uma imensidão de conhecimentos advindos de todas as partes do mundo, não somente euroestadunidenses.
Os livros de história conteriam, também, a visão e a cultura dos colonizados e escravizados, deslocando o eixo do centrismo do norte da África, da Europa e Estados Unidos; seriam muito mais diversos e o conhecimento não seria exclusivo dos livros didáticos, mas de uma grande quantidade de livros, vídeos e, principalmente, de práticas.
Antes de desenvolver algum projeto, tecnologia ou pesquisa, a principal pergunta seria: como isso pode ajudar as pessoas e a humanização dos processos sociais?
A competição daria lugar a organizações coletivas e a meritocracia seria substituída pelo desenvolvimento de um povo, medido pela capacidade deste povo em auxiliar outros, pela transferência de recursos, tecnologias e saberes.
Há tanto mais a se falar sobre “se não fosse o capital…”, mas vou parar por aqui, até porque já há micro experiências pelo Brasil e pelo mundo, nas mais diversas cooperativas, as mesmas que sofrem com os ataques do capitalismo.
Insano não é quem busca superar as contradições de um sistema que mistifica o capital, mas, sim, dos que naturalizam e endeusam uma criação humana que tem o costume de dar vida ao dinheiro e, ao mesmo tempo, de objetificar a natureza e a vida humana.
Imagem de destaque: DarkWorkX / Pixabay http://otc-certified-store.com https://zp-pdl.com/best-payday-loans.php female wrestling https://zp-pdl.com http://www.otc-certified-store.com/osteoporosis-medicine-usa.html