Não há dúvida entre os principais analistas políticos, líderes de partidos, membros dos tribunais superiores e lideranças sociais as mais diversas que, ao longo da semana, Bolsonaro atuou fortemente para criar uma situação de caos que justificasse e autorizasse um Golpe de Estado, simulando legalidade, dentro das regras do Estado de Direito.
Quem conhece a trajetória de Bolsonaro e de boa parte de seus apoiadores no meio empresarial, político, intelectual e religioso, sabe que tais sujeitos nunca tiveram apreço pelas regras democráticas. Ainda que boa parte tenha se beneficiado nas últimas décadas da democracia, não têm e nunca tiveram nenhuma dúvida de apelar para o Estado de Exceção caso seus interesses sejam contrariados.
A tentativa de criar um “Clima de Golpe” ao longo de toda a semana que, sintomaticamente, antecede a dato do famigerado Golpe de 1964, é uma continuidade do Golpe de 2016 quando, com o apoio do “Supremo, com tudo”, a Constituição foi rasgada e, no lugar dela, as regras de conveniência passaram a regular as relações entre os entes políticos e as políticas de Estado no Brasil. Ainda estamos, por assim dizer, pagando o pato que nos foi vendido pela FIESP et caterva em 2016.
O reconhecimento da gênese da tentativa de golpe bolsonarista não pode, no entanto, apagar o não engajamento de vários setores que, apoiando o Governo, não embarcaram na proposta de rompimento definitivo das regras democráticas defendida pelo Presidente da República. Tal rechaço, inclusive entre setores das Forças Armadas, cria um ambiente muito diverso daquele de 1964 e parece inibir aventuras mais arrojadas dos golpistas de plantão. Mas nunca é demais lembrar que as Forças Armadas embarcaram decididamente na aventura bolsonarista até o momento, o que não torna nem um pouco confiável a narrativa que se está vendendo sobre o seu afastamento das pretensões do Presidente.
Hoje, momento em que lembramos e repudiamos o Golpe de 1964, é preciso mais do que nunca nas últimas décadas, nos mobilizarmos em defesa do Estado Democrático de Direito, ainda que o “democrático” esteja cada vez mais inibido. Avançar e reforçar os canais de intercâmbio entre as forças democráticas de todos os Brasis, de todos os territórios e povos se faz urgente e necessário.
PELA DEMOCRACIA! CONTRA O GOLPE! EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO!
Imagem de destaque: Fotos Públicas / Marcos Corrêa