Por que o estranhamento e a desnaturalização surgem como pressupostos da democracia? Mais do que nunca, o estranhamento se faz presente. A segunda década do século XXI começou historicamente bizarra. Asfixiando tudo e a todos, de um lado, uma pandemia, sem precedentes, que execrou quase 100.000 brasileiros e do outro um pandemônio na presidência gerenciando o total desmantelamento do Estado. Estranhar-se, mas que nunca é sobreviver e se reafirmar. A Brasilidade se furtou a uma elucidação mais enraizada e mundos fechados se ampliam. A ciência em suas diferentes correntes foi boicotada e pesquisadores são demonizados em seus dons de examinar todo contexto que se contraponha à atual conjuntura política, deturpada e delirante. É estranho o retrocesso que nos choca: sobrevivemos à ditadura militar, vimos sua transição, a gradativa revelação dos crimes da época, a redemocratização do país e o restabelecimento da democracia. O vocábulo cidadania, elencou e reconheceu determinadas noções correspondentes: dever, direito e voto. E então vimos quando múltiplos elementos, eventos e episódios vinculados à diversidade se consolidaram como habituais e, logo, inquestionáveis. Justamente a própria heterogeneidade da nação corroborou com discussões de gênero, liberdade de crenças religiosas, e eficácia da questão pública.
Direitos permaneciam atuais no universo da cidadania, porém, de repente, um susto, ou melhor, um golpe! Agora tudo parecer mudar (e para pior), e um discurso racista, machista, homofóbico, agressivo, intolerante evoca o passado assombrado. A experiência coerciva voltou a desempenhar pressão sobre a conduta e a subjetividade dos brasileiros. Mil e um retrocessos, em curso. Assim, a Sociologia nos renova, ao nos convidar ao contínuo estranhar. Diante de acontecimentos novos que não se reconhecem, inevitável não se abismar, é emergencial não achar natural, não concordar, manter uma percepção de desagrado. Em relação a desnaturalização, estranhar implica em não achar normal, natural, os milhares de absurdos que disparam a cada dia. Na veridicidade, os fatos advêm das decisões, das implicações e da intervenção humana no mundo, que por serem recorrentes, parecem ser naturais, mas não o são. E apreender as estruturas e círculos do conhecimento é uma maneira cognitiva de estarmos mais próximos da realidade. E eis que surge a Sociologia com clássicos intelectuais reconhecidos versando sobre esclarecimentos e ocorrências do desenvolvimento de algumas morbidades sociais que exalam. Aliás, desvelam o desconhecimento de seu tempo!
Durkheim, Marx e Weber expuseram amplas demandas sob pontos de vista distintos e distanciados das percepções do senso comum. Desde as origens do saber sociológico observa-se a especificidade de um pensamento organizado a partir do dia-a-dia, entretanto, não restrito à mera comprovação e exposição, mas esclarecedora das entrelinhas nos fatos e seus efeitos na vida social. Assim, reflete sobre a emergência de uma coletividade em que as amarrações se tornaram intricadas originando à “solidariedade orgânica” conforme atesta Durkheim; ao discorrer em uma nova “racionalidade” que guia o significado da ação social descrito por Weber, ou ainda, ao ponderar uma adequada constituição social distinguida pelo conflito entre classes nas palavras de Marx.
A Sociologia permite a percepção dos vários discursos que explicam e ilustram o mundo social. As religiões, como molde, são uma relevante fonte de esclarecimento e de justificação do mundo vivido. E encontrada na diversidade da sala de aula, com múltiplos alunos, participantes de igrejas, que em pretexto de princípios religiosos não debaterão assuntos de determinada doutrina. Assim, não se revoga a importância da crença para o entendimento da vida social empregando, para tanto, considerações sociológicas. Vale indicar que um dos trabalhos mais cruciais de Weber abordava, exatamente, como uma ética religiosa guarda cognações com as qualidades do capitalismo ocidental. Portanto, o objetivo sociológico é mais separar a especificidade da configuração religiosa, apreendendo o pensamento do que acontece no mundo a partir dela. Quando colocado perante à face do senso comum, ele se refaz.
O diante da Sociologia o cidadão crítico se forma/reforma agenciando mais complexidade. A probabilidade de ressalvar que desenvolver o cidadão crítico alude não somente um pacto da Sociologia com o futuro dos educandos, mas além disso, com o estranho e insalubre presente que levanta os consequentes questionamentos: Qual é o lugar que o aluno exibe suas necessidades ao professor e à direção? Como o estudante expõe essa exigência? Por outro lado, quais responsabilidades do espaço social da escola são exigidas dos estudantes? São exercidas essas exigências? Quais as configurações participativas do aluno nas determinações unânimes que afetam o contexto e a vida escolar? Finalmente, como os distintos grupos sociais que convivem nesse sistema escolar possibilitam a coexistência?
Imagem de destaque: Homenagem aos presos políticos no cemitério de Perus, São Paulo. Bruno Pedrozo.
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