Nesta rua, tem um bosque que se chama educação: a escola enquanto laboratório de Ecologia

Vagner Luciano de Andrade
Patrícia Abreu Costa
Priscila Abreu Costa

Em diferentes bairros da Grande BH, a paisagem urbana é caracterizada por ruas e quintais desprovidos de árvores, comprometendo a qualidade de vida. Por outro lado, num cenário aparentemente hostil, as escolas se destacam por quase sempre apresentarem um bosque ou até uma remanescente natural da vegetação que ocupava a área antes da urbanização. Há casos até de nascentes e outros aspectos ecológicos que se materializam enquanto chamada de uma educação ecológica. Por isso, neste texto discutimos a necessidade urgente de incentivar a incorporação da Educação Ambiental (EA) no contexto escolar. Atualmente, os estabelecimentos de ensino público carecem de incentivos, seja nos aspectos curriculares, seja na manutenção de espaços físicos que seriam transformados em potenciais à prática dessa importante abordagem, tão necessária e tão atual. É preciso que a escola trilhe a missão de transformar o quadro socioambiental de destruição e degradação, e um dos inúmeros caminhos é parte da Educação Ambiental.  Integrá-la nas matérias específicas, visando a interação dos conteúdos, implantando no espaço escolar, objetivando:

  • ampliar o conceito de meio ambiente, enfatizando a questão pessoal, social e ambiental;
  • analisar e avaliar os aspectos educacionais e a situação dos espaços físicos das escolas, incentivando o desenvolvimento de projetos de EA;
  • criar e explorar espaços de vivência de valores formando uma consciência crítica e posturas de comprometimento;
  • incentivar a criação de mecanismos de EA;
  • selecionar, para posteriormente certificar e/ou premiar, as escolas que se adequarem aos padrões preestabelecidos;
  • sensibilizar e capacitar os professores e demais funcionários para a importância da questão ambiental;
  • transformar a escola num ambiente formador de agentes facilitadores e multiplicadores, para atuarem no entorno;
  • transformar a escola em um espaço referencial para o desenvolvimento de projetos de EA;

A Educação tem papel fundamental na construção de um mundo melhor, mais harmônico e equilibrado. Dentro dessa visão o professor é o protagonista na formação de cidadãos críticos, conscientes e comprometidos consigo mesmos, com a sociedade e com o meio ambiente. Por outro lado, é necessário analisar a situação da educação no país, atualmente, onde professores encontram-se mal remunerados, desqualificados, sobrecarregados e frustrados. A necessidade de mecanismos de incentivo que facilitem o processo de inserção da Educação Ambiental no cotidiano curricular parte da ausência de meios para que professores e alunos vivenciem projetos comprometidos com a questão ambiental, de maneira dinâmica, lúdica e interativa. Mesmo decorrido quase três décadas da Rio-92, observa-se falta de integração de EA nos diversos conteúdos aplicados, impedindo que ela seja o elo de integração entre os mesmos. Também faltam espaços nas escolas e nas comunidades, que funcionem como meios de vivência social e ação ambiental que estimulem agentes facilitadores e multiplicadores para atuarem na sensibilização e mudança da realidade local. Muitos serão os benefícios desta questão:

  • criação ou implantação de hortas e/ou pomares, trazendo considerável melhoria na qualidade da merenda;
  • envolvimento dos alunos em projetos de EA, eventos, excursões, grafitagem, etc;
  • integração das diferentes matérias do currículo escolar;
  • informação, sensibilização e conscientização através de placas educativas (informando sobre as espécies de plantas, árvores e suas especialidades em nosso convívio);
  • preservação da cobertura vegetal como: bosques e matas, objetivando melhoria da qualidade de vida na escola e em torno;
  • melhoria da limpeza do ambiente escolar através do incentivo do uso da lixeira;
  • implantação da coleta seletiva, visando integração escola-comunidade e geração de renda;
  • melhoria das condições visuais e aspectos paisagísticos, criando ambientes agradáveis.

De acordo com a lei federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999 que dispôs sobre a EA e instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, entendem-se por educação ambiental: os procedimentos por meio dos quais o sujeito e a coletividade arquitetam atitudes, competências, conhecimentos, habilidades e valores sociais voltados para a defesa do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à saudável qualidade de vida e sua sustentabilidade (Art. 1º). A lei versa que a EA é um elemento efetivo e permanente da educação nacional, devendo se articular, em todos os modalidades e níveis da ação educativo, em caráter formal e não-formal (Art. 2º). Conclui-se que se a sociedade quiser reverter o atual quadro social e ambiental, precisará urgentemente priorizar a EA em toda sua amplitude. É necessário que a coletividade trilhe o caminho da transformação que lhe é proposta estabelecendo novos valores, que resultem na mudança de mentalidades e comportamentos. Somente assim teremos um mundo melhor mais fraterno e justo, com desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para todos. Desta forma a escola se materializa e se destaca enquanto laboratório de Ecologia.


Imagem de destaque: Imagem aérea da Escola Estadual Governador Israel Pinheiro, Contagem – MG Fonte: Google Earth

 

 

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