Era 2009 quando alguns pesquisadores e pesquisadoras de diferentes instituições educativas brasileiras reuniram-se em torno de um objetivo comum. Interrogavam-se, na ocasião, sobre projetos de educação e de Brasil de modo articulado ao lugar da intelectualidade brasileira na construção da esfera pública. Atentavam especificamente, naquele momento, para as noções de moderno, modernidade e modernização e como se fizeram presentes em discursos e ações sobre educação escolar elaborados e(ou) postos em circulação nos séculos XIX e XX. A proposta era fazer avançar a elaboração de uma teoria sobre o lugar da intelectualidade brasileira na construção da esfera pública e produzir entendimentos sobre as noções de moderno, modernidade e modernização, presentes nesses projetos.
Convictos(as) quanto à importância da produção coletiva do conhecimento científico e da participação no debate público sobre educação, deram encaminhamento às suas investigações, não deixando de despender um cuidado especial com a formação de novas gerações de pesquisadores(as). Trabalhando com rigor, generosidade e sensibilidade, ampliaram progressivamente suas redes de sociabilidade, proporcionando que os recém-chegados também o fizessem.
A este projeto de pesquisa, denominado Moderno, Modernidade, Modernização: a educação nos projetos de Brasil – séc. XIX e XX (PMMM), foram somadas novas etapas. No decorrer das duas edições do PMMM (2010-2017), estudantes de graduação, mestrado e doutorado foram sempre acolhidos e estimulados à produção, assim como os pesquisadores/orientadores que iam sendo integrados. Esse movimento fez com que o grupo fosse adquirindo novas cores e nuances, sem prejuízo para as permanências e a tradição que vinha se constituindo.
Passados os anos, uma discussão mais sistemática sobre seus rumos foi realizada. Daí resultou uma nova etapa e um novo nome, decorrentes do primeiro: A educação nos projetos de Brasil: espaço público, modernização e pensamento histórico e social brasileiro nos séculos XIX e XX (EPB). Nele, buscamos identificar e analisar o lugar ocupado pela educação nos projetos de Brasil elaborados pela intelectualidade brasileira no período de 1820 a 1970, bem como alargar o entendimento sobre os processos históricos nos quais se relacionam os discursos sobre a educação, a modernidade, o modernismo, o moderno e a modernização.
Ao buscar rememorar o legado, as vivências e os ‘resultados’ destes anos de pesquisa, é impossível não pensar nos diversos encontros para discussão das investigações; nas inúmeras oportunidades de estudo e debate teórico-metodológico; nos livros, capítulos, artigos e dossiês publicados; nos eventos da área e nas produções coletivas postas em diálogo com os pares; nos momentos de lazer, comemoração e nas inúmeras conversas ‘de corredor’, também fundamentais para a tessitura de redes e para a produção do conhecimento científico.
É esse entrelaçamento entre a produção do conhecimento e a ação social, entre a pesquisa, o ensino e a extensão, dentre outras características, é que tem feito do Pensar a Educação, Pensar o Brasil (1822-2022) uma iniciativa que busca entender e construir os destinos do país. Ainda que entendamos que a educação não pode tudo, a educação pública, laica, gratuita e de qualidade para todes deve ser um componente fundamental de qualquer projeto Brasil. Que sigamos buscando construí-lo sem medos, sem pandemia, sem autoritarismos e com uma enorme vontade de que a vida seja plena para todos e todas.