Passar ou agir? – Clifton Arllen

Passar ou agir?

Clifton Arllen

Estar hoje em um espaço público de livre acesso e gratuito deve ser questionado, afinal, tenho direito de estar aqui, enquanto a grande maioria da população desconhece, e nem tem acesso a esse espaço, será que para além das contingências biológicas ou geográficas eu também sou merecedor de benefícios sociais?

Refletir sobre o espaço público, sua história e constituição é extremamente necessário. Afinal, é um espaço de todos. Ocupamos todos os dias lugares privilegiados que são carregados de história de luta e resistência de pessoas que buscaram ser agentes da sociedade de maneira afirmativa e combativa, apesar dos entraves proporcionados pelo estado, muitas vezes representado como a calmaria e benesse redentora do povo.

Passamos por ruas, praças e estações, nos formamos em escolas e, poucas vezes, pensamos sobre a existência e a permanência desses espaços. A vida cotidiana, prática e rápida, nos convida a passar desvairadamente, todos os dias, de maneira descompromissada, por inúmeros espaços. Assim, retornamos todos os dias para casa, deitamos em nossas camas e encontramos com o nosso mais íntimo pensamento. Nesse momento, constituímos uma relação estritamente privada, íntima, uma visão do mundo difusa, refletimos sobre a realidade e nos permitimos operar o mundo, à luz da nossa condição. A questão é: nosso interesse, nossa visão de mundo, no espaço público é apenas mais uma, de várias outras, que estão agora no presente, em evidência. Mas já estiveram nas histórias da constituição desses espaços e estarão também no futuro, fazendo parte do cotidiano das próximas gerações. Quando propomos uma ocupação em um espaço público, é extremamente necessário que tenhamos uma visão para o público, para a apropriação e vivência desse espaço, que não deve nunca ser cercado por um discurso privado.

Discutimos todos os dias, na universidade, sobre nossa função social enquanto professores. O que percebo é uma certa escolha entre PASSAR pelo público e retornar todos os dias ao mais cômodo dos mundos sem qualquer reflexão ou crítica, ou optar por AGIR, se apropriar, viver e pensar o espaço público e suas limitações. Não há a possibilidade de evitar ou invalidar a luta de quem escolhe se envolver, pertencer, ocupar e lutar por um espaço público digno e de qualidade. PASSAR não nos traz reflexão, sentimento de pertencimento.AGIR…palavra que é carregada de história. O estado inicial jamais voltará a ser o mesmo.

A Faculdade de Educação da UEMG faz história quando os alunos pensam, refletem, estudam, participam e fazem fluir o conhecimento, de maneira autônoma, em um espaço público. Nesse momento em que há uma repressão nacional em relação à educação pública e uma precarização do espaço público, como não fazer do conhecimento nosso aliado? Impossível.

Não há melhor momento para que a comunidade acadêmica se una, se conheça e se descubra. Compartilhar ideias e saberes, vivenciar experiências e contar histórias. Talvez, daqui 20 anos, tudo mude. Torço para que não tenhamos considerado o verbo PASSAR. Mas, que esse momento, possa ter contribuído para adquirirmos uma bagagem intelectual suficiente para nunca estancarmos o AGIR.

Vejo necessária a retomada da velha e desgastada frase de Marx, alterando-a para dizer: Pedagogos da UEMG, uni-vos! Todos por um espaço público digno para nossa prática social.

Clifton Arllen estudante do NFIIIE da Faculdade de Educação/UEMG – Campus Belo Horizonte

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