Parlamentares discutem perspectivas para a educação em congresso em São Paulo

Maria G. Lara

Nos dias 19 e 20 de agosto, foi realizado em São Paulo (SP) o 3º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, organizado pela Jeduca. As mesas que faziam parte da programação do evento tinham como convidados jornalistas, educadores, estudantes, pesquisadores e parlamentares. Esses últimos compuseram a mesa-redonda “A visão do novo Congresso sobre a educação”, a fim de discutir novos rumos a ser tomados na área pelo legislativo e, em especial, pela Comissão de Educação.

Os parlamentares convidados para o debate eram Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), Tabata Amaral (PDT-SP), Caroline de Toni (PSL-SC) e Professora Rosa Neide (PT-MT), mas a deputada do PT não pôde comparecer ao congresso. Os deputados, com exceção de De Toni que é suplente, são todos membros titulares da Comissão de Educação (CE) da Câmara Legislativa sendo o deputado do PSDB o atual presidente da Comissão.

A mesa, mediada pelo Diretor da Jeduca e repórter de educação da Folha Paulo Saldaña, começou com uma pergunta sobre as urgências e prioridades da educação para o Congresso ainda este ano.

A deputada do PSL Caroline de Toni

A deputada do PSL, De Toni, destacou que para ela e seu partido o primeiro passo é comparar a educação no Brasil à de outros países. Lugar-comum para aqueles que acreditam que o problema da educação brasileira é ideológico, o argumento da deputada foi de que os investimentos em educação daqui ultrapassam a média de países desenvolvidos quando se verifica pela porcentagem do PIB.

O que a deputada ignorou, porém, é que o Brasil é um país muito mais populoso que a maior parte desses países desenvolvidos. A Nova Zelândia, que investe em educação a mesma parcela de seu PIB que nós (5,5%) não chega aos 5 milhões de habitantes, contra os mais de 200 milhões da população brasileira. Outro fator importante é que o PIB per capita da Nova Zelândia é mais de 4 vezes maior que o nosso.

A deputada também falou sobre a relação entre investimentos por aluno da educação básica e da superior. Mais uma vez, De Toni escolhe ignorar o peso da estrutura das Universidades nesse cálculo: é preciso manter laboratórios, financiar pesquisas, pagar um corpo docente altamente especializado e um alto número de funcionários técnico-administrativos para manter tudo funcionando, além de grandes instalações como hospitais universitários.

Esses “buracos” nos argumentos da deputada do PSL não foram apontados em momento algum, nem pelo mediador nem pelos deputados que dividiam a mesa com ela. Sem pautar essas questões, quando tomaram a palavra tanto Tabata Amaral quanto Pedro Cunha Lima preferiram falar de questões estruturais.

A deputada pedetista Tabara Amaral

A pedetista criticou diretamente o “foco excessivo em questões ideológicas” do presidente e de sua base, que segundo ela impede que olhemos para questões estruturantes da educação. Para Tabata, o papel desse novo Congresso é mais ativo que os anteriores, que viviam “a reboque do executivo” e sem pautar a política nacional. A deputada disse que o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) deve ser prioridade e não vem sendo discutido o bastante, tendo inclusive uma baixíssima participação do Ministério da Educação, que não direciona a discussão e a delega toda para o Congresso.

A deputada também tocou no ponto da formação de professores, mas sob a perspectiva de prepará-los para a implementação da nova BNCC e da Reforma do Ensino Médio – ambas firmemente criticadas por terem sido impostas sem o devido diálogo com aqueles mais afetados por elas: professores e estudantes da educação básica.

O deputado Pedro Cunha Lima, do PSDB

O deputado tucano criticou uma certa polarização e a “memetização” da política brasileira, que ocupam espaço no lugar de planejamentos bem estruturados. Cunha Lima disse que é preciso superar as “mitadinhas” e questões ideológicas e focar em soluções práticas, indo de encontro à fala de Tabata Amaral. O deputado falou ainda da falta de participação financeira da esfera federal na educação básica, apesar de ser o ente que mais arrecada.

As falas de Pedro foram todas muito próximas do ensino básico, num apelo quase emotivo para que o governo federal assuma uma maior participação na educação básica com foco na primeira infância. Ele falou na construção e operação de creches e na formação e capacitação adequada de professores para atuar pelo Brasil, inclusive nas cidades pequenas.

Nenhum dos três deputados se desviou muito de suas primeiras falas ao longo da mais de uma hora de duração da mesa. Os representantes do PDT e do PSDB pareciam querer se distanciar dos “dois lados” que se tem estabelecido na cobertura política atualmente, não tocando em questões ideológicas a não ser quando incitados a responder as falas de De Toni. A representante do PSL, por sua vez, falava diretamente à audiência do presidente, que não parecia presente no auditório. Ela falou em seu projeto de lei de remover Paulo Freire do papel de patrono da educação, do Escola Sem Partido e da educação domiciliar, basicamente os temas que limitam o interesse em educação da base do presidente Jair Bolsonaro.

Você pode assistir a transmissão da mesa, feita pelo Facebook do Canal Futura, parceiro da Jeduca, no Facebook.


Imagens: Divulgação/Jeduca http://www.otc-certified-store.com/gastrointestinal-tract-medicine-usa.html https://zp-pdl.com/online-payday-loans-in-america.php https://zp-pdl.com/fast-and-easy-payday-loans-online.php http://www.otc-certified-store.com/gastrointestinal-tract-medicine-usa.html

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