Todos sabemos que o liberalismo e, muito menos, o capitalismo não têm apreço pela democracia. A democracia, tal como a conhecemos nas sociedades contemporâneas, foi e é resultado das lutas sociais contra o autoritarismo e as mais diversas formas de desigualdades e violências praticadas em defesa da propriedade, do lucro e da liberdade.
O que se observa no Brasil, hoje, é um exemplo perfeito desse pouco apreço das elites brasileiras, sejam elas empresariais, judiciárias ou políticas, pela nossa mais que imperfeita democracia. Mesmo com seus aclamados liberalismos, em defesa de seus privilégios, não tiveram dúvida em apoiar a aventura autoritária e protofascista representada por Bolsonaro.
Em meio à crise em que estamos vivendo, e os modos como ela foi produzida nas últimas décadas, cumpre não apenas defendermos a democracia, mas também é preciso que compreendamos a necessidade de uma REINVENÇÃO DEMOCRÁTICA do próprio conceito de democracia.
A forma como se deu a produção da presente crise, que teve no Golpe de 2016 e nas eleições presidenciais e de governadores de 2018 momentos emblemáticos, demonstra muito claramente que, de forma catastrófica, a relação da democracia com a soberania popular, alicerçada no voto, não mais parece se sustentar.
A construção dos “inimigos internos” pelas empresas nacionais de comunicação ao longo das últimas décadas, a corrupção do processo eleitoral patrocinada por grandes corporações internacionais em conluio com o empresariado e com as estruturas de Estado nacionais, são mais do que suficientes para nos indicar que é preciso que discutamos os modelos de democracia que até então temos defendido e, a duras penas, praticado.
A adesão de nossas elites ao autoritarismo e à violência defendidos por Bolsonaro e sua turma, sobretudo, a aceitação de parte significativa das camadas mais pobres da população a esse chamado, nos mostram que nossos conceitos e demandas por mais e melhor democracia que têm que ultrapassar em muito os constrangimentos os arcabouços legais e institucionais que construímos e/ou que nos foram impostos e uma revisão das dimensões fundantes da própria noção de política com a qual temos operado, como as noções de público, de Estado, de privado, de educação cívica, dentre outros.
Uma proposta de reinvenção democrática, por outro lado, não pode deixar de lado dimensões individuais e coletivas às quais temos negligenciado em nossas discussões teóricas e, sobretudo, nos processos educativos ditos democráticos. Uma outra democracia não será possível sem a incorporação da educação das sensibilidades e da educação ética e cívica como parte de um amplo projeto político-cultural radicalmente laico, democrático, igualitário, antiracista, antihomofóbico, antimachista e em defesa das mais variadas formas de vidas que habitam o planeta. Esse é o nosso desafio; essa é a nossa bandeira.
Imagem de destaque: Tomaz Silva/Agência Brasil
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