Os ventos de mudanças (Parte II)

Alessandra Vidal Dias1

 Os ventos sopram, e no ano de 2017, graças ao programa ProUni e com uma bolsa integral, comecei o curso de Design, na Universidade do Vale do Itajaí – Univali, minha segunda opção de graduação. 

Esse foi outro período de descoberta para mim: amava como eu podia soltar a minha criatividade e exercitar minhas técnicas de desenho, além de aprender muito mais sobre o universo do Design que tanto me interessava. Conheci pessoas maravilhosas e fiz grandes amizades. Entretanto, eu tinha o sonho de fazer a graduação em uma universidade pública, sentia falta dos debates, de todo o conhecimento que construímos em uma instituição pública. Sendo assim, em julho de 2018, fiz a minha transferência externa para a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC para o curso de Design de Produto.

O processo de transferência externa se deu de uma maneira não programada, nesse período a minha irmã já havia se formado em licenciatura em Ciências Biológicas, na UFSC, e havia começado o seu mestrado na mesma instituição, em Bioquímica, mas estava esperando o edital de retorno para validar algumas disciplinas e conseguir o diploma de bacharel em Ciência Biológicas, também. O edital de retorno e de transferências internas (mudança de curso de graduação na mesma instituição de ensino) e externa (mudança ou não de curso, em outra instituição de ensino), é o mesmo, logo minha irmã viu que havia vagas para Design de Produto, e compartilhou comigo essa informação, logo pensei “Por que não?”. Lembro-me do sentimento de felicidade enquanto descia as escadas da Univali com uma quantidade imensa de documentos que precisei organizar em menos de três dias, para me inscrever no processo de transferência externa, como se os ventos estivessem a meu favor. E estavam mesmo.   

Estudar na UFSC, em Florianópolis, longe dos meus pais, e mesmo tendo a minha irmã e cunhado como vizinhos, foi uma experiência única na minha vida; acho que a gente nunca esquece a primeira vez que saímos de casa para morarmos sozinhos. Durante esse período acadêmico, novamente, professores incríveis deixaram suas marcas em minha trajetória escolar, em especial o meu professor e orientador Salomão, que foi com certeza um grande educador, por me desafiar a ser melhor, a buscar o conhecimento e construí-lo com autonomia. Reencontrei amigos e fiz novas amizades. Além das disciplinas do curso, participei de um projeto de pesquisa no Laboratório de Orientação da Gênese Organizacional (LOGO) e de uma Empresa Júnior de Design, a Uipi, que não é uma sigla, mas sim uma palavra de origem Tupi-Guarani que significa “começar”; com essas experiências acadêmicas e profissionais pude me descobrir cada vez mais, como pessoa e como futura profissional, e foi pensando sobre o meu futuro profissional que comecei a questionar muitas coisas da minha vida. 

Em abril de 2019, meu corpo respondeu a toda a sobrecarga que dei a ele, tive um mal súbito e assim, os ventos da mudança sopraram novamente em minha vida. Tranquei a matrícula do meu curso na metade de 2019 e decidi que iria fazer o vestibular novamente, pois mesmo gostando muito do curso de Design de Produto, eu não conseguia prospectar a minha vida, me sentia perdida, como se eu estivesse fora de mim. Pensei então em tentar Artes Visuais Licenciatura e como minha segunda opção, finalmente, Licenciatura em Pedagogia. Logo pensei na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Florianópolis, como uma opção, mas como tentaria também ingressar pelo Sistema de seleção unificada (Sisu), levei em consideração a minha nota e a distância que estaria de casa. Com isso, no último dia do Sisu, coloquei como primeira opção de ingresso: Pedagogia no IFC- Camboriú.

O bom filho à casa retorna; ingressei neste curso no IFC- Camboriú, a amada instituição que me acolheu durante os três anos do meu ensino médio. Mais um período de descobertas. Ver-me como professora me deixou feliz, mesmo com os desafios que ser docente no Brasil implicam. No processo atual da minha trajetória acadêmica, uma das coisas que mais me estimula é participar do Grupo do Estudo e Pesquisa em Educação, Formação de Professores e Processos educativos, onde estamos atualmente estudando e pesquisando sobre o Novo Ensino Médio, temática que já fez parte de uma passagem da minha escolarização: afinal, é a mesma proposta educacional que eu protestei contra, no ensino médio. 

Encerro citando uma frase do Érico Veríssimo, famoso escritor gaúcho do século XX, que acompanha meus pensamentos e a minha vida: “Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento”. Precisei ter muita coragem em todas as decisões que tomei; não me arrependo de nenhuma delas, pois graças às minhas escolhas e pessoas que conheci, sou quem eu sou hoje. Nunca vi a mudança como uma barreira, mas como uma oportunidade de crescimento e aprendizagem. Espero que os ventos de mudança continuem soprando e me fazendo evoluir.

Camboriú, fevereiro de 2021.

 

Leia a primeira parte do texto aqui. 

 

¹Estudante do curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto Federal Catarinense. 


Imagem de Destaque: Rômulo Porthos/Wikimedia Commons

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *