Conforme evidenciado no documento da Síntese de Indicadores Sociais, elaborado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):
A educação é a principal janela de oportunidade existente nas sociedades democráticas, sendo condição necessária para a inserção profissional e principal mediadora na transmissão de status entre as gerações […] apresentando um visível impacto nas condições gerais de vida da população […] (IBGE, 2012, p. 112).
Nas classes sociais com menor poder aquisitivo, a educação é frequentemente vista como possibilidade de ascensão social e de acesso a empregos com melhor remuneração. Quanto ao Estado, a educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) é pensada como obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade e deve estar vinculada, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, ao mundo do trabalho e à prática social, de modo a possibilitar uma formação comum com vistas ao exercício da cidadania e ao fornecimento dos meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (Art. 22).
Contudo, ainda que se compreenda a importância da educação para uma mudança de vida e que haja respaldo legal para sua obrigatoriedade, observa-se, nas escolas públicas municipais e estaduais do Estado do Espírito Santo, um elevado índice de reprovação no Ensino Médio, destacadamente na 1ª série desse nível de ensino, resultando em expressivo índice de evasão.
Os estudos que se debruçam sobre a temática, de maneira geral, analisam a reprovação escolar a partir de duas abordagens diferentes: a primeira, que busca explicações a partir dos fatores externos à escola como o trabalho, as desigualdades sociais, a família, e a segunda, que busca explicações a partir dos fatores internos, ou seja, são apontados como motivadores a própria escola, o professor e as práticas pedagógicas desenvolvidas.
Ainda nesse contexto, é preciso considerar que a taxa de reprovação é alta, em grande parte, porque os alunos vêm do ensino fundamental com deficiências de aprendizagem, ou seja, não sabem os conteúdos e não desenvolveram as habilidades desejadas ao final dessa etapa. Esses alunos, ao ingressarem no Ensino Médio, têm dificuldades para avançar a um grau maior de complexidade. Os jovens chegam a essa etapa já em uma situação de defasagem de aprendizado, mesmo estando na série adequada à sua idade.
Embora esse tema venha sendo pesquisado, estudado e questionado, não são notados resultados expressivos, talvez pela visão naturalizada de uma parcela expressiva de docentes e pedagogos que tomam a reprovação como elemento comum do cotidiano escolar, consolidando a cultura escolar da repetência, da reprovação, que a aceita como um fenômeno natural.O fato é que o problema continua latente e vem se intensificando.
Em virtude da diversidade de elementos que compõem e influenciam o processo escolar e circundam essa temática, faz-se necessário pensar sobre quais aspectos se apresentam em nosso cotidiano educativo, sobre quem são os alunos que dele fazem parte, o que querem, desejam e quem os educa.
As respostas para diversos problemas nem sempre são universais e podem ser buscadas com base em seu contexto político, econômico e social e em sua realidade local. Além da importância e necessidade de políticas públicas municipais e estaduais, é necessário que as instituições pesquisem as causas da reprovação e façam um diagnóstico dos problemas locais para criar políticas públicas internas adequadas. Em outras palavras, não existem receitas prontas que sirvam a todos.
Entre as possíveis soluções para redução da reprovação no Ensino Médio, o trabalho colaborativo tem sido apontado como importante elemento para repensar os processos de ensino-aprendizagem, compreendendo trabalho colaborativo como aquele em que todos os componentes compartilham as decisões tomadas e são responsáveis pela qualidade do que é produzido em conjunto, conforme suas possibilidades e interesses (DAMIANI, 2008).
Para Jeong e Chi (1997), as pessoas que trabalham em conjunto atingem significados mais ricos do que aquelas que trabalham individualmente. Ao trabalharem juntos, os membros do grupo se apoiam, visando atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo, estabelecendo relações que tendem anão-hierarquização, liderança compartilhada, confiança mútua e coresponsabilidade pela condução das ações (COSTA, 2005), além de ampliar as potencialidades para resolução de problemas e tomada de decisões.
No trabalho colaborativo, os diferentes sujeitos escolares – alunos, professores, pais, diretores, coordenadores pedagógicos, funcionários da secretaria, da limpeza, da merenda,comunidade, etc. – assumem o papel de agentes ativos e passam por um processo de valorização de suas ações, pois a participação de todos é fundamental e tem como foco o bem comum. Assim, o trabalho colaborativo está intimamente relacionado a uma gestão democrática.
O trabalho colaborativo constitui-se em potencializado espaço de aprendizagem, permitindo a identificação de forças, fraquezas, dúvidas e necessidades de reconstrução, a socialização de conhecimentos, a formação de identidade grupal e a transformação de práticas pedagógicas (ZANATA, 2004; LOIOLA, 2005).
Esse tipo de trabalho permite relações de proximidade e partilha entre os participantes e serve como meio para ajudar a resolver problemas concretos e reais, havendo a necessidade de confiança, diálogo e negociação para que seja realizado. Nessa perspectiva, o diálogo é fundamental para o confronto de ideias e de construção de novas aprendizagens na escola.
Contudo, planejar ações conjuntas tem se apresentado como um grande desafio para a qualidade do trabalho escolar, ainda mais porque a escola, até bem pouco tempo atrás, estava presa ao tradicionalismo, repleta de práticas excludentes dos sujeitos e de suas ações. Em contrapartida, hoje, a escola é chamada a abrir-se aos novos paradigmas educacionais na perspectiva de construção coletiva do conhecimento, atuando junto ao indivíduo e à sociedade.
As famílias dos alunos e a comunidade desempenham, geralmente, papel secundário na escola, restritos a participar, a maior parte das vezes, das reuniões a eles direcionadas. Professores e equipe pedagógica, por sua vez, na maior parte do tempo, trabalham de maneira dispersa e os momentos de organização conjunta acabam sendo utilizados para realização de atividades burocráticas e para a resolução de problemas emergenciais. Os alunos são vistos como receptores de saber e não participam dos processos de produção do conhecimento.
Compreende-se que, para realização de um trabalho colaborativo, é preciso criar um espaço de reflexão, planejamento e transformação do espaço escolar e dos processos de ensino-aprendizagem em conjunto, resgatando valores como o compartilhamento e a solidariedade, no enfrentamento dos sérios desafios propostos pela escola atual. Como bem destacou Ferreira (2003, p.134), precisamos trabalhar juntos ao invés de “juntarmos trabalhos”.
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