O Romantismo Brasileiro – parte III

Alexandre Azevedo

Já a prosa romântica, mais precisamente o romance romântico, teve o seu início em 1844, com a publicação do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Entretanto, um ano antes, o romancista Teixeira e Sousa havia publicado o romance O filho do pescador. Os românticos aproveitaram as folhas dos jornais e revistas para a publicação de suas obras, já que ainda não havia uma editora nacional (esta seria fundada somente no século XX por Monteiro Lobato). Quem tinha condições, publicava os seus romances por editoras portuguesas e francesas. Assim, vários tipos de romances surgiram por aqui, como o romance social, também conhecido como urbano, citadino ou de costumes, caracterizado por apresentar as situações, os conflitos e as convenções de uma determinada sociedade. São exemplos desse tipo de romance, Senhora e Lucíola, ambos de José de Alencar, Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e o próprio A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Surgiu também o romance indigenista, este caracterizado por retratar usos, costumes, tradições indígenas, além, é claro, da própria língua tupi. São exemplos desse tipo de romance a famosa trilogia de José de Alencar, Iracema, O Guarani (este também histórico) e Ubirajara. Outro tipo de romance muito popular na época foi o regionalista ou sertanejo, com destaque para o linguajar típico de cada região, além de retratar a “cor local”, isto é, a natureza típica de cada região, o folclore, a cultura e as tradições locais, como é o caso de O Gaúcho e O tronco do Ipê, ambos de José de Alencar, Inocência, de Visconde de Taunay, O Cabeleira, de Franklin Távora, e O ermitão de Muquém, de Bernardo Guimarães, este responsável por introduzir esse tipo de romance em nossa literatura. E, por último, o romance histórico, em que fatos grandiosos de nossa história foram transformados em ficção. Como exemplos, Guerra dos mascates, de José de Alencar, A retirada da Laguna, de Visconde de Taunay.

Ainda dentro do Romantismo, o teatro ressurgiu com toda a força. Com a construção de teatros, principalmente na capital federal, o Rio de Janeiro, o autor romântico se viu motivado para escrever peças de teatro. Assim, pelo menos uma peça, poetas e romancistas escreveram. Gonçalves de Magalhães escreveu Antônio José ou poeta e a inquisição; Já Gonçalves Dias, escreveu Leonor de Mendonça e Beatriz Cenci. Álvares de Azevedo, com Macário, Casimiro de Abreu, com Camões e o Jau e Castro Alves, com Gonzaga ou a Revolução de Minas completaram o quadro de poetas-teatrólogos do Romantismo. Com os romancistas também não foi diferente, José de Alencar escreveu Mãe; O Jesuíta; Demônio familiar e Verso e reverso. Já Joaquim Manuel de Macedo escreveu A torre em concurso; O cego; Cobé e O sacrifício de Isaac. Mas foi na comédia que o teatro romântico mais se destacou, principalmente com Martins Pena, cabendo também a ele a primazia de introduzir a comédia no Brasil, isso em 1838, com a peça Juiz de paz na roça. Martins Pena também teve o privilégio de ver as suas comédias encenadas pelo grande ator romântico, João Caetano. Além da citada, Martins Pena também escreveu O noviço; O inglês maquinista; Um sertanejo na corte; Judas em sábado de aleluia; Quem casa quer casa e Um segredo de estado.

Não à toa, o Romantismo se tornou uma das principais escolas literárias de nosso país, além de se tornar a primeira escola, genuinamente, brasileira.

 

Para saber mais
ALVES, Castro. Os escravos. Principis: São Paulo, 2020.

AZEVEDO, Álvares. Lira dos vinte anos. Martin Claret: São Paulo, 2017.

DIAS, Gonçalves. Primeiros cantos. Autêntica: Belo Horizonte, s/d.


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