O Romantismo Brasileiro – parte I

Alexandre Azevedo

O Romantismo teve a sua origem na Inglaterra, em 1798, com a publicação do livro Baladas líricas, dos poetas ingleses Coleridge e Wordsworth.

Embora tenha surgido na Inglaterra, foi na França que esse movimento se consolidou, expandindo-se por toda a Europa. Com a Revolução Francesa (1789-1799) e a ascensão da burguesia ao poder, características como o sentimento patriótico, individualismo e liberdade marcaram intensamente o Romantismo europeu.

No Brasil, o Romantismo iniciou-se em 1836, com a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, e estendeu-se até 1881, com as publicações de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O mulato, de Aluísio Azevedo, nascendo aí o Realismo e o Naturalismo, respectivamente.

Alguns fatos históricos tiveram papel decisivo na formação da nova escola: a vinda da família real para o Brasil, o fim do período colonial e o processo de independência.

Em 1808, d. João VI e a sua família chegaram ao Rio de Janeiro, fugindo das tropas napoleônicas. Acostumado com o luxo europeu, o rei procurou reproduzir aqui as condições de vida que tinham por lá, acarretando, dessa forma, no início do desenvolvimento cultural do país. Biblioteca pública, faculdades, imprensa, escola de Belas-Artes, livrarias, teatros foram criados.

Em decorrência de numerosas manifestações ocorridas na cidade do Porto, em 1820, provocadas pela crise econômica que Portugal enfrentava, d. João VI retornou ao seu país, não sem antes nomear seu filho, Pedro I, regente da colônia.

No início do ano seguinte, d. João VI determinou que D. Pedro I também retornasse a Portugal a fim de estudar; porém, após receber um abaixo-assinado pedindo a sua permanência no Brasil, o regente declarou que ficaria por aqui. O dia em que ele fez essa declaração é conhecido como “o dia do fico”. A partir desse momento, iniciou-se o processo de independência do Brasil, que se concluiu em sete de setembro de 1822.

Além de apresentar as características propostas pelo Romantismo europeu, a estética brasileira também teve suas características peculiares. O nacionalismo é o reflexo, na nossa literatura, da valorização da pátria após o processo de independência do Brasil; a valorização da natureza, uma consequência desse olhar que se voltou para as coisas do nosso país (descobriu-se a beleza natural de nossa terra e o homem do sertão com o seu linguajar e folclore); e o indianismo teve na figura do indígena a própria origem do país. As outras características, pertencentes ao Romantismo em geral, foram subjetivismo (valorização do “eu”; egocentrismo); sentimentalismo (predomínio do sentimento sobre a razão, isto é, “o coração sobrepondo-se à cabeça”); liberdade formal (os românticos seguiram a proposta do romântico francês Victor Hugo de que os autores não deveriam seguir “nem regras, nem modelos”); sentimento de religiosidade (os românticos seguiram os princípios e mandamentos cristãos, numa reação ao paganismo árcade, isto é, ao Arcadismo dos poetas pastores, a escola anterior a ser combatida); idealizações (da mulher, do homem e do mundo, numa tentativa de torná-los perfeitos); valorização da burguesia (inconformados com o não cumprimento da promessa feita pela burguesia, quando esta se ascendeu ao poder, de que o povo teria uma vida digna, o autor romântico retratou uma burguesia oposta do que era na realidade); volta ao passado (certas obras têm como tempo cronológico o indianismo antes do descobrimento do Brasil ou por volta de 1600 ou, então, na época do rei D. João VI, o chamado período joanino).

A poesia do Romantismo brasileiro dividiu-se em três gerações distintas, que surgiram de acordo com o desenvolvimento desse estilo de época. A 1ª geração, denominada de nacionalista ou indianista; a 2ª geração que ficou conhecida como mal do século ou byroniana ou ultrarromântica; e a 3ª geração, conhecida como social ou hugoana ou condoreira.

Para saber mais
ALVES, Castro. Os escravos. Principis: São Paulo, 2020.

AZEVEDO, Álvares. Lira dos vinte anos. Martin Claret: São Paulo, 2017.

DIAS, Gonçalves. Primeiros cantos. Autêntica: Belo Horizonte, s/d.


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