O rei da vela – a genialidade de Oswald de Andrade – Parte I

Alexandre Azevedo

José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo, em 1890. Iniciou sua vida de jornalista aos 19 anos de idade como redator e crítico teatral do jornal “Diário Popular”. Neste mesmo ano de 1909, ingressou na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco. Em 1912, viajou para a Europa, onde conheceu as ideias futuristas de Felippo Marinetti, divulgando-as ao retornar para São Paulo. Na capital paulistana, travou amizade com Mário de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Menotti Del Picchia, formando o conhecido “grupo dos cinco”, líderes do Modernismo brasileiro. Sua vida amorosa foi extremamente atribulada, tendo se casado por seis vezes. Dentre as suas mulheres, a pintora Tarsila do Amaral e a escritora Patrícia Galvão (Pagu), dois dos mais importantes nomes deste período. Poeta, romancista, crítico, ensaísta e memorialista, Oswald de Andrade foi uma das figuras mais polêmicas do século XX, tendo liderado a Semana de Arte Moderna, marco inicial do Modernismo brasileiro, e os manifestos Pau-Brasil e Antropófago, lutando por uma literatura nacionalista e primitiva. Oswald de Andrade morreu em sua cidade natal, em 1954, aos 64 anos de idade.

O rei da vela, de Oswald de Andrade, é considerada a primeira peça representativa do nosso Modernismo. Escrita em 1933, mas só encenada 34 anos após, em 1967, pelo Teatro Oficina, sob a direção de José Celso Martinez Correa. Vale ressaltarmos que na estreia estavam Gilberto Gil e Caetano Veloso, que a tomaram como inspiração para o seu Tropicalismo. 

A peça parece ter nascido dos encontros nada agradáveis de Oswald de Andrade com agiotas de São Paulo, numa tentativa desesperada de saldar suas dívidas, que já eram vultosas. 

Tendo como tema uma crítica ao capitalismo estrangeiro (inglês e norte americano), O rei da vela é protagonizada por Abelardo I, um agiota impiedoso e especulador. Pegando como referência a decadência do Brasil, provocada pela crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929, Oswald de Andrade não poupou críticas à burguesia ascendente, exploradora e oportunista. 

O título é uma ironia, típica da pena afiada e polêmica de Oswald de Andrade: Abelardo I é conhecido como o rei da vela, por fabricá-las, já que as empresas elétricas estavam falindo, restando como única saída a iluminação pela vela. (CONTINUA)

Para saber mais
Andrade. Oswald de. O rei da vela. São Paulo: Editora Globo / Secretaria de Estado da Cultura, 1991. 


Imagem de destaque: Galeria de Imagens.

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