O legado de Carolina Maria de Jesus e os 60 anos de Quarto de Despejo

Alexandra Lima da Silva

Eu gosto de listas.

Eu tenho lista de filmes, de músicas, de comidas, de obras de arte, cidades, mas certamente, as minhas favoritas são as listas de livros.

Maria Carolina de Jesus. Arquivo Nacional

Eu tenho um top 10 dos livros que mais me impactaram. Um deles é Quarto de Despejo, diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus. Eu tinha uns 16 anos quando eu li Carolina pela primeira vez. Quarto de Despejo foi um dos livros que eu devorei naquele ano de 1997. Eu gostava de ler sobre temas sensíveis. Eu gostava de tentar entender por que o mundo era tão injusto, desigual e cruel.

E Carolina sobrevivia das sobras.

Catava papelão.

E escrevia.

Eu também escrevia.

Naquele tempo, eu tinha uma agenda velha que eu fazia de diário. Então, de certa maneira, eu conseguia entender um pouco a importância da escrita na vida daquela mulher negra, completamente negligenciada pelo Estado. Mas eu não conseguia entender por que algumas vidas não importavam.

Por que algumas pessoas não tinham direito à comida?

Por que algumas pessoas não tinham direito a uma casa de alvenaria?

Por que algumas pessoas eram invisíveis?

A voz de Carolina não saia mais da minha cabeça:

“Os preços aumentam igual as ondas do mar. Cada qual mais forte. Quem luta contra as ondas? Só os tubarões. Mas o tubarão mais feroz é o racional. É o terrestre. É o atacadista.”

Carolina segue a nos ensinar, sobre literatura, e também sobre a fome.

Referência:

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.

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