Não pararei de gritar: um convite à poesia de Carlos de Assunção

Alexandra Lima da Silva

No momento em que eu escrevia este texto, o Brasil alcançava a triste marca de mais de 3 mil mortes diárias por COVID-19. Na mesma semana, uma ex-apresentadora de programa infantil defendeu o uso de pessoas em privação de liberdade como cobaias para testes científicos…

Quando vamos parar de gritar: parem de nos matar?

Quando vamos parar de gritar: vidas negras importam?

Quando vamos parar de gritar: vacina para todes?

Quando vamos parar de gritar: quem mandou matar Marielle?

Quando vamos parar de gritar: ele não!!

Quando vamos parar de gritar: vidas trans importam?

A leitura do livro Não pararei de gritar (2020) é um convite para que nunca deixemos de nos indignar com as injustiças, as desigualdades e as opressões, porque: “Mesmo que voltem as costas, às minhas palavras de fogo, não pararei de gritar”. Filho e neto de analfabeto, Carlos de Assunção nasceu em São Paulo em 1927. Com poesia, escreve sobre diáspora africana e sobre racismo no Brasil. 

Gostei bastante da maneira como o livro se estrutura, com escritos sobre Protesto (1982), Quilombo (2000), Tambores da Noite (2009), Protesto e outros poemas (2015), Poemas Escolhidos (2017) e Poemas Inéditos (2018-2020). 

Na companhia da escrita de Carlos de Assunção, a poesia é para mim um respiro, pois “temos sede de vida e estamos cansados de tanta dor”. 

Niterói, 27 de março de 2021.


Imagem de destaque: Pixabay

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