Memória de uma aula de campo: no meio de um canavial, uma camélia

Alexandra Lima da Silva

Acordei às 5 da manhã.

Ainda estava escuro quando cruzei a ponte Rio-Niterói naquele dia 10 de maio de 2023.

Havia previsão de chuva para aquele dia.

Mas eu acreditava que conseguiríamos chegar ao Quilombo de Sobara, localizado no município de Araruama, a poucas horas da cidade do Rio de Janeiro.

A turma de PPP2 (Pesquisa e Prática Pedagógica) estava animada. Todos chegaram pontualmente à UERJ. Madrugamos.

Cruzei a ponte pela segunda vez naquele dia.

No meio do caminho, Juliana se juntou a nós. Foi nossa guia.

Antes mesmo de chegar ao quilombo, já era possível avistar um imenso canavial.

Eu já tinha visto pequenas plantações de cana, mas nunca tinha visto um canavial tão grande de tão perto.

Os caminhos desertos no meio do canavial certamente se tornariam povoados de gente em tempo de colheita.

Imaginei o estado da mão de quem trabalha ali.

Imaginei que aquele imenso canavial deve ser violento em tempos de sol.

Seguimos.

Fomos muito bem acolhidas pela equipe da Escola Municipal Pastor Alcebíades.

Afetuosas e curiosas, as crianças nos receberam muito bem.

A escola é composta majoritariamente por crianças negras, e há uma única professora que foi ex-aluna naquela escola. Torço para que haja muitas no futuro.

Eu ainda estava preocupada com a chuva. Que ainda não tinha se apresentado para nós.

Fomos para o quilombo. A turma estava muito ávida por este momento.

Chegando lá, notamos que o imenso canavial tenta asfixiar o quilombo e sua gente.

Que resiste.

O símbolo dessa luta é uma jovem mulher negra, Rosiele Vasconcelos da Silva Conceição.

Eis que no meio de um canavial hostil, nasceu uma bela camélia, símbolo da liberdade.

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