Luta e resistência escrava em Mato Grosso: um convite à leitura de “Baobá: a árvore da vida”

Giuslane Francisca da Silva¹

Nos últimos anos, temos assistido a um aumento de produções que se debruçam sobre a escravidão no Brasil, bem como suas heranças. Como, por exemplo, Um defeito de cor (2006) de Ana Maria Gonçalves, que foi e continua sendo um livro muito elogiado. De fato, é uma obra primorosa. É possível citar ainda, A noite dos cristais (1996), de Luís Fulano de Tal, ou ainda, Eliane Alves Cruz, que nos últimos anos tem se dedicado às pesquisas nessa área, das quais, resultaram até o momento em três obras, a saber: Águas de barrela (2016), O crime no cais do Valongo (2018) e Nada digo de ti, que em ti não veja (2020) e, entre muitas outras. Contudo, grande parte dessas obras se refere ao contexto do Sudeste ou Nordeste. 

Mas, e em relação a Mato Grosso, por exemplo, a que pé se encontram as produções literárias sobre essas questões? O que sabemos sobre a luta e resistência escrava em Mato Grosso? 

O historiador e professor Bruno Pinheiro Rodrigues tem se dedicado aos estudos sobre a escravidão no Estado de Mato Grosso. No ano anterior, 2020, lançou a obra literária, Baobá: a árvore da vida (2020), na qual traça a trajetória de duas personagens principais, Tereza e Kinguri. Personagens que, assim como Kehinde (Um defeito de cor), são pessoas que de fato existiram. Tereza foi a “famosa líder do quilombo do Quariterê, existente no século XVIII” (RODRIGUES, 2020, p. 2), no atual Estado do Mato Grosso, o maior dos quilombos em solo mato-grossense. Ao passo que Kinguri, foi o nome que o autor escolheu para fazer referência a Sebastião de Benguela, famoso por travar uma luta pela vida contra os indígenas Payaguás, quando seguia em uma monção com direção à vila de Cuiabá, atual capital de Mato Grosso. 

O livro resulta de uma longa pesquisa histórica acerca desses dois personagens. Permite, portanto, conhecer um pouco sobre as lutas de Tereza e Sebastião de Benguela, o Kinguri, pela tão sonhada liberdade. Fica o convite à leitura para quem tem afinidade com a temática e deseja conhecer um pouco mais sobre resistência escrava em terras mato-grossenses. 

 

Para saber mais: 

RODRIGUES, Bruno Pinheiro. Baobá: a árvore da vida. Cuiabá/MT, Ed. do Autor, 2020.


Imagem de Destaque: imagem do autor.

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