Imprensa e História da Educação: um balanço

Elaine A. Teixeira Pereira
Rita Cristina Lima Lages

A História da Educação na Imprensa é a temática de revisão bibliográfica oferecida pelo mais recente número do Pensar a Educação em Revista. Destacando a vinda da família real para o Brasil em 1808 e o estabelecimento da imprensa neste mesmo ano, a partir da autorização de Dom João VI, os pesquisadores Rosana Areal de Carvalho e Raphael Ribeiro Machado realizam, no texto de revisão, o que eles denominam de “o balanço da produção acadêmica sobre a imprensa na história da educação” (p. 22), com recortes específicos. Naquilo que consideram como recortes específicos, referem-se às escolhas pelos trabalhos, dando-nos, com isso, uma excelente dimensão sobre o papel da imprensa na educação brasileira ao longo dos séculos XIX e XX.

Rosana Areal de Carvalho é professora associada da Universidade Federal de Ouro Preto, onde atua na Graduação e na Pós-Graduação, com orientação de mestrado e doutorado. Possui graduação em História pela Universidade Federal de Mato Grosso, doutorado em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em História da Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Universidade Federal de Uberlândia. Desenvolve pesquisas em História da Educação, com ênfase em História das Instituições Escolares, Intelectuais, Espaço Público, Imprensa, entre outros temas.

Raphael Ribeiro Machado é doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto. Possui mestrado em Educação Tecnológica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais e graduação em História pela Universidade Federal de Ouro Preto. Além das atividades de docência nas áreas de História, Filosofia e Sociologia nos ensinos fundamental, médio e técnico, desenvolve pesquisas em História da Educação Profissional no Brasil, Educação Profissional e Tecnológica, Fundamentos da Educação, Metodologia de Pesquisa e Ensino.

Considerando a impressa como objeto e também como fonte para a produção de conhecimento, os pesquisadores afirmam que, “ao longo dos oitocentos, a imprensa foi se tornando personagem e agente político” e que não foi por mero acaso que “o processo de escolarização passou a ocupar a atenção e a agenda pública” (p. 01), evidenciando, por essa via, conexões estabelecidas entre imprensa e o processo de escolarização.

Partindo dessa premissa, fazem uma incursão minuciosa em alguns periódicos e revistas dos séculos XIX e XX, apresentando dados recortados de fontes primárias, dando-nos a oportunidade de conhecer o papel da imprensa como instrumento de reivindicação e como veículo da divulgação da escola. Nesse sentido, afirmam que “o periodismo foi, no século XIX e boa parte do século XX, um espaço privilegiado para intelectuais e educadores divulgarem suas ideias, propostas e projetos, inclusive aqueles dirigidos à educação escolar” (p. 04).

Além da própria imprensa como objeto de revisão, visto que é produtora de conhecimento, Rosana e Raphael trazem trabalhos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros que se dedicaram ao estudo da imprensa vinculada à educação. No campo da história da cultura escrita, ganham destaque os estudos do historiador francês Roger Chartier, considerado pelos revisores como aquele que constitui a origem de muitas pesquisas que tomam a imprensa e o livro como objeto e/ou como fonte de estudos.  Quanto aos estudiosos brasileiros que se voltaram para o diálogo entre imprensa e educação, encontramos reflexões sobre os trabalhos de Maria Helena Câmara Bastos, Heloisa Villela, José Gonçalves Gondra, Maurilane Biccas, Adriana Duarte Leon, Maria Helena Capelato, Mônica Yumi Jinzenji, Bruno Bontempi Jr., entre outros.

Além do texto inédito de revisão bibliográfica, Rosana Areal de Carvalho e Raphael Ribeiro Machado também foram responsáveis por selecionar 10 (dez) dos textos por eles usados e considerados fundamentais para a compreensão da temática em pauta. Tais textos integram o Sumário desta edição do Pensar a Educação em Revista, seguindo nossa política editorial. A orientação para escolher somente dez, dentre os diversos textos consultados, e que estejam disponíveis online para nossos leitores e leitoras, certamente não foi pouco desafiadora. O resultado, no entanto, é uma seleção bastante interessante e que convida à continuidade das leituras e reflexões sobre Imprensa e História da Educação.

Como os próprios revisores dizem, trata-se de um recorte dentro de um amplo espectro que tinham em vista e do que também desconheciam. Seja como for, ressalta-se aqui o papel da imprensa na história, na qualidade de agente histórico e que apresenta, por sua natureza, um campo inesgotável de estudos.

Desejamos-lhe boa leitura!


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